Podiam ser três, quatro, cinco ou até os mesmo seis gols da surra na fase de grupos sobre o Olimpia, por 6 a 1, sem exageros. Num jogo de domínio total no Beira-Rio, o Internacional abusou de desperdiçar chances claras no tempo normal, viu até Edenilson perder seu primeiro pênalti em 15 cobranças, e acabou castigado nas penalidades após repetir o 0 a 0 da ida.
Foto - Ricardo Duarte - Internacional
Thiago Galhardo errou a única cobrança das 10. Com 5 a 4, os paraguaios encaram o Flamengo nas quartas de final da Copa Libertadores.
Assim como em 1989, o Olimpia repete a precisão nas penalidades para deixar o Internacional pelo caminho em seu estádio na Libertadores. Desta vez nas oitavas de final. Há 32 anos, valia vaga na decisão.
Diego Aguirre, derrotado nesta quinta-feira como técnico, foi reserva naquele dia e chora uma dura e injusta eliminação para os paraguaios pela segunda vez com as cores do time gaúcho.
Thiago Galhardo deve ter problemas para dormir na próxima noite. Aposta de Aguirre no jogo, teve quatro chances limpas para marcar e falhou em todas.
Fechou a noite trágica perdendo o último pênalti. Yuri Alberto, duas vezes, Taison batendo na trave e Edenilson perdendo seu primeiro pênalti em 15 jogos, também não terão bons sonhos por causa da pontaria imprecisa.
Vilões ao longo dos 90 minutos, Edenilson e Galhardo teriam a chance da redenção nas penalidades. São batedores de excelência. O volante foi para a primeira cobrança.
Respirou fundo e, desta vez, mandou na rede. Cheio de estilo, Silva empatou. Boschilia, Pitta, Moisés, Ojeda, Maurício e Ortiz foram todos precisos. Até chegar a vez de Galhardo.
Vilão nos 90 minutos, o camisa 17 ainda bateu para fora, jogando a responsabilidade de manter o Inter vivo para o goleiro Daniel. Tinha de parar Derlis González. O ex-jogador do Santos bateu no meio, com segurança, e garantiu a festa paraguaia pela segunda vez na história em pênaltis no Beira-Rio.
Sem querer pensar em disputa de pênaltis, o Inter entrou em campo com obrigação de anotar ao menos um gol rápido para ficar em situação mais tranquila em campo. Vitória magra já servia para derrubar os paraguaios após 0 a 0 em Assunção.
Aguirre queria capricho do time e pregou isso ao longo da preparação. A perda de chances em demasia vinha custando pontos preciosos nós últimos jogos. Ao mesmo tempo em que pregação precisão nas finalizações, o treinador não queria correr riscos atrás.
Em busca de gols, o comandante uruguaio resolveu a dúvida sobre quem escalaria na frente da melhor maneira: Thiago Galhardo ou Yuri Alberto? Ele escalou os dois. Municiados por Taison. Caio Vidal perdeu a posição.
E a dupla de centroavantes foi logo chamando atenção na partida. Logo com seis minutos, Taison deixou Yuri Alberto cara a cara, mas ele bateu no peito do goleiro.
Logo depois, quem serviu foi Yuri. Mas Galhardo ficou indeciso entre chutar e cavar um pênalti. Nova chance desperdiçada. Tudo o que Aguirre não queria, ocorria. O time desperdiçava chances claras.
Após ver os goleadores falharam, Taison resolveu tentar individualmente. Na busca do primeiro gol após volta da Europa, limpou o marcador e parou na trave.
Quando balançou as redes, viu o VAR impugnar o lance por impedimento na origem da jogada. Para piorar, os gaúchos perderam o imprescindível Patrick, machucado, com meia hora.
Galhardo ficou no "uh" novamente, por duas vezes. Yuri falhou também. A bola teimava em não entrar. E eram chances claras, daquelas que atacantes sonham ter nas partidas. O Inter podia descer para o intervalo com vaga encaminhada e boa vantagem de gols. Saiu lamentando os tantos erros.
O Inter precisou de cinco minutos na etapa final para chegar novamente na frente. De que maneira? Com Galhardo desperdiçando chance. Com paraguaios melhores postados na defesa, o domínio já não era tão evidente com o passar do tempo.
O Inter ainda tinha a bola, mas já não finalizava no alvo com tanta facilidade.
Até Salazar cometer pênalti bobo em Taison. Perdeu o tempo da bola e acertou o bico da chuteira do atacante. Edenilson, que não perdido cobranças ainda, falhou pela primeira vez após 14 gols em batidas precisas. Aguilar defendeu com a mão direita.
O relógio passava rapidamente e, para piorar, os paraguaios começaram a pisar alguns avanços. Deram alguns sustos, apesar de errarem o alvo.
Aguirre, com apenas 15 minutos pela frente, ousou com Boschilia na vaga do lateral Heitor. Ainda apostou em outros dois atacantes, Vinícius Mello e Palacios e não obteve êxito.
Em dia para comemorar vaga tranquila, o excesso de erros no ataque fez a decisão ir aos pênaltis, como nas semifinais em 1989. Um sofrimento desnecessário que os gaúchos tentariam final diferente daquela queda dolorosa. Não conseguiram.
Fonte: Estadão Conteúdo