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Arqueólogo do Piauí retrata Whindersson e outros famosos em telas com inspiração no sertão
Piaui
Publicado em 08/10/2021

O Nordeste encanta visitantes por suas paisagens, riquezas naturais como a caatinga, bioma exclusivamente brasileiro e por seu povo, marcado por alegria e resistência.

Nesta sexta-feira (8), Dia do Nordestino, o g1 conversou com o piauiense Rômulo Timóteo que, por meio do desenho e da pintura, exalta elementos característicos do Nordeste.

Sanfoneiro é personagem de obra de Rômulo Timóteo — Foto: Rômulo Timóteo

Sanfoneiro é personagem de obra de Rômulo Timóteo — Foto: Rômulo Timóteo

O artista já retratou famosos como o comediante Whindersson Nunes, o cantor Emicida e os poetas Bráulio Bessa e Patativa do Assaré em obras inspiradas na região.

Natural de São Raimundo Nonato, cidade a 437 km de Teresina, Rômulo conheceu e passou a produzir arte como uma distração, ainda na infância, inspirado por desenhos animados. Na escola, após receber o incentivo de professores, começou a desenvolver técnicas de pintura.

Cantor Emicida é retratado em obra de Rômulo Timóteo — Foto: Rômulo Timóteo

Cantor Emicida é retratado em obra de Rômulo Timóteo — Foto: Rômulo Timóteo

Aos 15 anos, criou seu primeiro projeto mais elaborado e participou de um concurso de redação e desenho realizado pelo Governo do Estado, em que conquistou o quinto lugar.

“Comecei com desenhos infantis, assistindo Dragon Ball e Power Rangers. O concurso me animou e estimulou a continuar produzindo, mas ainda sem a perspectiva voltada para o Nordeste”, contou.

Rômulo Timóteo — Foto: Arquivo Pessoal

Rômulo Timóteo — Foto: Arquivo Pessoal

Anos depois, decidiu cursar Arqueologia e Preservação Patrimonial e foi aprovado na universidade. No curso, buscou inspiração para inovar os traços de seus desenhos e, logo, os elementos regionais tornaram-se característicos das obras.

“Decidi focar na arte quando entrei na universidade, estava precisando de uma renda extra para bancar apostilas, viagens, pois já não dava para depender só dos meus pais”, relatou Rômulo.

“A arqueologia é histórica, pré-histórica, colonial ou pré-colonial. Focamos em três vertentes: história, ancestralidade e memória. Fui estudando mais, comecei a levar elementos para a arte e fazer conexões”, disse.

Obra de Rômulo Timóteo — Foto: Rômulo Timóteo

Obra de Rômulo Timóteo — Foto: Rômulo Timóteo

No trabalho do artista, é possível observar o teor realista, com cores fortes e aspectos da história. O intuito é mostrar a riqueza de um Nordeste inspirador e valorizar a cultura da região. Cada tela leva de quatro a 10 horas para ser concluída, dependendo da complexidade da imagem e proporção do desenho.


“Nas obras, o azul vibrante do céu é referente ao B-R-O-bró, período mais quente do ano. Sempre há uma casa ao fundo, geralmente de taipa ou barro, com rachaduras, o que refere à memória. Nossa memória nunca está completa, é fragmentada”, contou.

Obra de Rômulo Timóteo — Foto: Rômulo Timóteo

Obra de Rômulo Timóteo — Foto: Rômulo Timóteo

Obra de Rômulo Timóteo — Foto: Rômulo Timóteo

Obra de Rômulo Timóteo — Foto: Rômulo Timóteo

“Sempre coloco elementos da infância, carrinho de lata ou cavalo feito com cabo de vassoura, coisas que vi ou vivi. As pessoas que represento são do interior. Pessoas mais velhas, muito fortes, que têm a característica de contar histórias”, completou o artista.

Obra de Rômulo Timóteo — Foto: Rômulo Timóteo

Obra de Rômulo Timóteo — Foto: Rômulo Timóteo

Entre as inspirações de Rômulo, também estão artistas nordestinos, como o comediante Whindersson Nunes e o poeta Bráulio Bessa. Para homenagear as personalidades, surgiu a ideia de retratá-las nas pinturas.

“As piadas do Whindersson me ajudam a recuperar a memória, a realidade dele era muito parecida com a minha. A ‘posição de matuto’, com o braço para trás e as pernas apoiadas uma na outra. Não posso deixar de representá-los e só pegar a ideia, tenho que colocá-los no desenho. Preciso mostrar por que foi feito daquele jeito”, contou Rômulo.

Whindersson é retratado em obra de Rômulo Timóteo — Foto: Rômulo Timóteo

Whindersson é retratado em obra de Rômulo Timóteo — Foto: Rômulo Timóteo

Segundo ele, Whindersson e Bráulio já possuem algumas de suas obras e agradeceram pelas redes sociais a homenagem e o gesto de carinho.


Em 2020, durante a pandemia, Rômulo produziu também releitura de obras clássicas, como “Os Retirantes”, de Cândido Portinari e “O Escolar”, de Vincent van Gogh, a partir de um desafio proposto pelo Museu de Arte de São Paulo (Masp), de reinterpretar obras marcantes do acervo do local.

Releitura de obra "Os Retirantes", feita pelo artista brasileiro Cândido Portinari — Foto: Rômulo Timóteo

Releitura de obra “Os Retirantes”, feita pelo artista brasileiro Cândido Portinari — Foto: Rômulo Timóteo

Releitura de obra "O Escolar", do pintor holandês Vincent Van Gogh — Foto: Rômulo Timóteo

Releitura de obra “O Escolar”, do pintor holandês Vincent Van Gogh — Foto: Rômulo Timóteo

Para o artista algumas obras carregam significados especiais, como uma que ilustra o “Alto do Cruzeiro”, um ponto turístico de São Raimundo Nonato que foi destruído por tempestades que atingiram a região, anos atrás.

“É um local que marcou demais minha vida. E o que sobraram foram as memórias, por isso resolvi desenhar, sinto falta”, lamentou.

Obra exibe antigo ponto turístico "Alto do Cruzeiro", em São Raimundo Nonato — Foto: Rômulo Timóteo

Obra exibe antigo ponto turístico “Alto do Cruzeiro”, em São Raimundo Nonato — Foto: Rômulo Timóteo

Hoje, aos 26 anos, após concluir o curso de Arqueologia e Preservação Patrimonial, Rômulo trabalha exclusivamente como arqueólogo. Mas deseja, no futuro, poder conciliar as duas carreiras.

Dia do Nordestino

Poetas Patativa do Assaré e Bráulio Bessa retratados em obra de Rômulo Timóteo — Foto: Rômulo Timóteo

Poetas Patativa do Assaré e Bráulio Bessa retratados em obra de Rômulo Timóteo — Foto: Rômulo Timóteo

Celebrado em 8 de outubro, o Dia do Nordestino homenageia a diversidade cultural do estado. A data foi instituída em 2009, pela Câmara Municipal de São Paulo, e faz referência ao centenário do poeta, compositor e cantor cearense Antônio Gonçalves da Silva, conhecido como Patativa do Assaré.E

Fonte: G1

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