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Membro do COE alerta para o risco de "interiorização" da ômicron no Piauí
Saúde
Publicado em 02/02/2022

Com o aumento de novos casos da Covid-19 no Piauí, o professor Emídio Matos, pesquisador do Núcleo de Estudos em Saúde Pública da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e membro do Comitê de Operações Emergenciais (COE-PI), teme que a variante ômicron esteja avançando nos municípios do interior do estado.

Em entrevista ao Jornal do Piauí, o especialista pontuou que a pandemia se comporta de modo diferente em cada um dos 11 territórios de saúde piauienses e que, com base nos boletins divulgados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, a tendência é que a variante esteja “se interiorizando”

“Muito provavelmente, esse novo surto surgiu nas festas de réveillon no litoral [...] aí o vírus está se espalhando para o interior do estado. Há uma preocupação muito grande, porque a assistência hospitalar no interior do estado é mais frágil. Há um risco de aumentar a gravidade”, alertou Emídio Matos.

De acordo com mapa da média de casos novos da Covid-19 por 100 mil habitantes nos territórios de saúde do Piauí, os municípios da região Sul registram uma certa estabilidade se comparados com os que se concentram na faixa Centro/Norte do estado, com um alto percentual de pessoas infectadas. 

O integrante do COE-PI avalia que este cenário pode ser causado pela subnotificação, em decorrência da escassez de testes. O professor cita que, recentemente, uma conferência com secretários municipais de saúde da região, realizada na Câmara de Vereadores de São Raimundo Nonato, discutiu a situação.

“A preocupação já era com o número crescente de casos naquela região e a preocupação com a organização de festas, volta às aulas e de tudo que estamos discutindo aqui [...] O território do Sul do Piauí já estava reunido, procurando alternativas para enfrentarmos essa nova onda que estamos vivendo”, disse Emídio Matos.

COE não deve recomendar novas restrições às aulas presenciais 

Mesmo com cenário alarmante, o pesquisador em saúde da UFPI afirma que o COE-PI não deve recomendar a ampliação de restrições e outras medidas que possam afetar o processo de retomada das aulas presenciais nas escolas da rede pública e privada no estado. 

Segundo o professor Emídio Matos as medidas contidas no último decreto, proibindo eventos e festas carnavalescas em todo o estado, visam barrar a transmissão do vírus sem impactar o funcionamento das escolas. 

“Discutimos esse decreto para tentar barrar essa velocidade de crescimentos de casos novos, preservando as escolas abertas; A educação é fundamental e essencial. Para proteger a educação é preciso que as escolas e toda a comunidade escolar cumpram os protocolos sanitários, se não houver isso, não vai funcionar”, afirmou o especialista ao Jornal do Piauí.

De acordo com o atual decreto editado pelo Governo do Piauí, cabe aos municípios a autorização para o retorno das aulas presenciais, desde que respeitados os critérios de segurança sanitários, como comprovante de vacinação de alunos, professores e demais trabalhadores e controle da taxa de transmissão da doença e de leitos hospitalares.

Por sua vez, Emídio ressalta que, em caso de piora no cenário pandêmico, as autoridades sanitárias e membros do COE-PI podem voltar a deliberar sobre o tema. “O assunto educação está sob análise o tempo todo, porque precisamos verificar se há surto em escolas, porque se houver, se vai olhar para o local e verificar se precisar fechar ou não”, enfatizou.

Foto: Renato Andrade

Números

Durante a entrevista, o professor ainda comentou os dados epidemiológicos que embasaram as regras contidas no novo decreto. Uma delas foi o aumento na taxa de positividade dos exames RT-PCR realizados pelo Laboratório Central do Piauí (Lacen-PI).

“De cada 100 testes realizados na semana passada, 47,5 foram positivos. É um percentual muito alto. Quando eu comparo com o começo desse mês, houve um aumento de 263%, ou seja, uma velocidade muito grande de aumento”, alertou o integrante do comitê.

Emídio explica que, apesar da explosão de novos casos, causada sobretudo pela chegada da variante ômicron, a letalidade do vírus está controlada graças ao avanço da vacinação. “As completamente imunizadas estão mais protegidas contra variante. é a vacina que está salvando vidas”, lembrou.

Outra informação analisada pelo professor foram as pesquisas feitas pela Universidade de Washington, nos Estados Unidos. Ao comparar o período mais crítico da pandemia no ano passado com o momento atual, prevê que, no atual ritmo, a média de mortes diárias por Covid-19 no Piauí podem dobrar.

 

Breno Moreno
redacao@cidadeverde.com

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