Na dimensão energética, um dos efeitos imediatos da invasão da Ucrânia pela Rússia foi o fato de que vários governos europeus, incluindo o do Reino Unido, precisaram reavaliar os seus suprimentos de energia. Tal reavaliação já deveria ter acontecido, mas a guerra catalisou o processo. O primeiro resultado foi uma nova determinação em alguns países de pressionar por mais geração de energia renovável e eficiência energética para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Boa parte da Europa é extremamente dependente do gás, sobretudo para uso no aquecimento domiciliar. Para as casas localizadas em regiões um pouco mais quentes, as energias renováveis são a solução mais barata e rápida.
A Alemanha anunciou planos para aumentar a eficiência energética e as energias renováveis, mas está considerando adiar o fechamento de suas usinas nucleares existentes. O francês Emmanuel Macron pediu um “renascimento” da energia nuclear de baixo carbono para garantir o fornecimento doméstico de energia. Com o avanço da guerra na Ucrânia existe uma possibilidade de tomada de atitudes que iriam na contramão das políticas de redução dos efeitos das mudanças climáticas: se Putin cortar o fornecimento de gás, a Europa, para reduzir a dependência em relação à Rússia, pode usar carvão ou combustíveis alternativos, como óleo, em substituição ao gás usado nas usinas elétricas. A decisão pode ser tomada por empresas do setor privado com usinas a carvão que foram recentemente fechadas ou programadas para fechar e podem ser retomadas rapidamente. Uma complicação adicional é que a Europa também depende da Rússia para o carvão, embora em intensidade menor que o gás.
Após anos de progresso bastante lento no abandono do carvão e do petróleo, se os países retomarem o uso de combustíveis fósseis por conta do impacto da guerra da Ucrânia, será um retrocesso nas tentativas de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Esta semana, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas alertou para a devastação global já em andamento e deve se intensificar se as temperaturas subirem ainda mais, no que os cientistas chamaram de “o aviso mais sombrio até agora”.
Fonte: Cidade Verde