Foto: Claudio Furlan/Estadão
Tropas ucranianas se moveram para retomar territórios ao norte da capital Kiev neste sábado, utilizando cabos para retirar os corpos de civis das ruas por medo de que as forças russas tenham deixado armadilhas antes de partir.
O avanço dos militares ucranianos na região ocorre em meio à estratégia de Moscou de concentrar ataques nas regiões em que a Ucrânia disputa com separatistas apoiados pela Rússia.
Mais cedo, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy alertou em seu discurso noturno em vídeo horas antes que a partida das tropas russas estava criando uma situação "catastrófica" para os civis, deixando minas ao redor das casas, equipamentos abandonados e "até mesmo os corpos dos mortos".
Jornalistas da Associated Press em Bucha, um subúrbio a noroeste de Kiev, assistiram no sábado quando soldados ucranianos apoiados por uma coluna de tanques e outros veículos blindados usaram cabos para arrastar corpos de uma rua à distância, temendo que pudessem ter sido manipulados para explodir.
A Ucrânia e seus aliados ocidentais relataram evidências crescentes de que a Rússia retirou suas forças de Kiev e aumentou a presença de tropas no leste da Ucrânia. Combatentes ucranianos recuperaram várias áreas perto da capital depois de forçar os russos a saírem, disseram autoridades.
A mudança visível não significa que o país tenha enfrentado um alívio após mais de cinco semanas de guerra, ou que os mais de quatro milhões de refugiados que fugiram da Ucrânia retornarão em breve. Zelenskyy disse que espera que as cidades de onde os russos partiram sofram ataques de mísseis e foguetes de longe, e que a batalha no leste seja intensa.
"Ainda não é possível voltar à vida normal, como costumava ser, mesmo nos territórios que estamos retomando após os combates. Precisamos esperar até que nossa terra seja desminada, esperar até que possamos garantir que não haverá novos bombardeios", disse o presidente durante seu discurso noturno em vídeo, embora suas alegações sobre as minas russas não possam ser verificadas de forma independente.
O foco de Moscou no leste da Ucrânia também manteve na mira a cidade sitiada de Mariupol, no sul. A cidade portuária no Mar de Azoz está localizada na região de Donbass, onde a maioria fala russo, e os separatistas apoiados pela Rússia combatem as tropas ucranianas há oito anos. Analistas militares acreditam que o presidente russo, Vladimir Putin, está determinado a capturar a região depois que suas forças não conseguiram alcançar Kiev e outras grandes cidades.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha planejava tentar no sábado entrar em Mariupol para retirar os moradores. A Cruz Vermelha disse que não poderia realizar a operação na sexta-feira porque não recebeu garantias de que a rota era segura. As autoridades locais disseram que os russos bloquearam o acesso à cidade.
Fonte: Estadão Conteúdo