De acordo com levantamento do Estadão, são 52 escolas que não sairiam do papel mais 99 obras paradas no estado
Marcelo Castro em evento com o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro |
Por Rany Veloso
Após a aprovação de requerimento na Comissão de Educação (CE) do Senado para tomada de depoimento de 8 pessoas, incluindo diretores do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) em busca de explicações sobre as denúncias de corrupção na compra de ônibus escolares superfaturados e de pedido de propina por pastores para liberação de verbas pelo Ministério da Educação (MEC), o presidente do colegiado, o senador Marcelo Castro (MDB-PI), em entrevista exclusiva, falou ao blog que as escolas "fake" no Piauí são para "enganar os prefeitos".
"O FNDE está dando um 'bypass' para os prefeitos, isso é quase um egana trouxa. Então empenha R$ 200 mil e diz: eu estou te dando uma escola de R$ 8 milhões. Não está dando coisa nenhuma, está fazendo empenho de R$ 200 mil, na verdade tá desrespeitando, enganando a população", dispara.
A liberação da construção de 51 novas escolas "fake" no Piauí pelo FNDE, mesmo com outras 99 obras de escolas, creches ou quadras poliesportivas paradas ou inacabadas, partiu do presidente da autarquia, Marcelo Lopes da Ponte, ex-chefe de gabinete de Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil, e líder da oposição no Piauí. Na visão do senador, "ao que tudo indica seria uma estratégia de ano eleitoral" em troca de apoio ao pré-candidato ao governo da oposição, mas como os valores do empenhos são muito pequenos em relação à obra, elas nunca sairiam do papel.
No Brasíl, são mais de 3.500 obras paradas ou inacabadas e mais de 2 mil obras anunciadas pelo FNDE. O que seria um desrespeito à lei de responsabilidade fiscal, que não permite o início de outra obra sem terminar as iniciadas.
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MARCELO CASTRO DIZ QUE A CADA DIA SE FORTALECE A NECESSIDADE DE UMA CPI DO MEC
O senador também falou sobre a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias de corrupção. “É inquestionável a necessidade de uma CPI”, diz Marcelo Castro, que se dispõe a ser membro da comissão, mesmo em ano eleitoral na condição de presidente do MDB no Pìauí e com o filho Castro Neto pré-candidato a deputado federal. "Ninguém é ingênuo aqui, em uma CPI sempre tem uma conotação eleitoral", afirma.
"NÃO FALEI QUE OS ELEITORES DE BOLSONARO SÃO IRRACIONAIS, MAS ESTÃO NO CAMPO EMOCIONAL, NÃO ESTÃO NO CAMPO RACIONAL", EXPLICA
Após repercussão negativa sobre eleitores bolsonaristas, Castro disse ao blog que em nenhum momento disse que os eleitores do presidente são irracionais. "O Bolsonaro tem um contingente imenso, de pessoas no Brasil inteiro, que tem o Bolsonaro como um ídolo, como um mito, que está no campo emocional, não está no campo racional", explica.