Uma entrevista com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que será lançado pré-candidato no próximo sábado (7/5), foi divulgada nesta quarta-feira (4/5) pela revista norte-americana Time.
Sob o título “Lula, segundo ato”, a revista destaca a volta de Lula à política no país como uma “bomba” após o reconhecimento, tanto da Justiça brasileira, como da Organização das Nações Unidas (ONU) de que os processos contra ele foram invalidados.
Lula falou bastante de política internacional. E, como não podia deixar de ser, discursou sobre qual seria sua atitude perante a guerra da Ucrânia, deflagrada no dia 24 de fevereiro, um mês antes da entrevista. Segundo o petista, sua atuação seria no sentido de atuar para evitar o conflito.
“Se fosse presidente hoje, teria ligado para o [Joe] Biden, teria ligado para o Putin, para a Alemanha, para o [Emmanuel] Macron, porque a guerra não é saída. Eu acho que o problema é que, se a gente não tentar, a gente não resolve. É preciso tentar”, disse o petista.
Ele ainda falou sobre a Venezuela e criticou Estados Unidos e União Europeia por terem “adotado” o líder da oposição a Nicolás Maduro, Juan Guaidó, então líder da Assembeia Nacional no país vizinho. Em 2019, Guaidó se autoproclamou presidente e teve reconhecimento norte-americano e de países da Europa.
“Às vezes, eu fico preocupado. Você não brinca com democracia. O Guaidó para ser presidente da Venezuela teria que ser eleito. A burocracia não substitui a política. Na política, são os dois chefes que mandam, os dois que foram eleitos pelo povo, que têm que sentar numa mesa de negociação, olho no olho, e conversar”, criticou Lula.
O petista não poupou críticas ao presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky: “Agora, às vezes, fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado”.
“O Saddam Hussein era tão culpado quanto o (ex-presidente norte-americano George) Bush. Porque o Saddam Hussein poderia ter dito: ‘Pode vir aqui visitar e eu vou provar que eu não tenho armas’. Ele ficou mentindo para o seu povo. Agora, esse presidente da Ucrânia poderia ter dito: ‘Olha, vamos deixar para discutir esse negócio da Otan e esse negócio da Europa mais para frente. Vamos primeiro conversar um pouco mais.’”, sugeriu Lula.
Prisão
A entrevista ocorreu no fim de março e divulgada somente agora. Na conversa, Lula também discorreu sobre o tempo que passou na prisão e o presidente Jair Bolsonaro (PL), além de planos para um evetual governo.
Para o semanário, Lula usou o astro do futebol americano Tom Brady, casado com a brasileira Gisele Bündchen, para dizer que “tem clareza” de que pode resolver os problemas do país.
“O futebol americano tem um jogador, que aliás é casado com uma brasileira que é modelo, e é o melhor jogador do mundo há muito tempo. A cada jogo que ele faz, a torcida fica exigindo que ele jogue melhor do que no jogo anterior. No caso da Presidência é a mesma coisa. Só tem sentido eu estar candidato à Presidência da república porque eu acredito que eu sou capaz de fazer mais e fazer melhor do que eu já fiz”, disse o petista.
De acordo com Lula, os problemas do país só serão resolvidos quando os pobres estiverem participando da economia. “Quando os pobres estiverem participando do orçamento, quando os pobres estiverem trabalhando, quando os pobres estiverem comendo. Isso só é possível se você tiver um governo que tenha compromisso com as pessoas mais pobres”, repetiu o ex-presidente.
Lula disse que, mesmo diante de seus impedimentos legais, que agora foram resolvidos, ele nunca desistiu da política.
“Eu, na verdade, nunca desisti da política. A política está em cada célula minha, a política está no meu sangue, está na minha cabeça. Porque o problema não é a política simplesmente, o problema é a causa que te leva à política. E eu tenho uma causa’, disse.
Fonte: Metrópoles | Foto: Times/Reprodução