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Wellington Dias chora e diz que 350 mil mortes poderiam ter sido evitadas
Piaui
Publicado em 05/05/2022

Em entrevista ao ielcast, podcast apresentado pelo jornalista Ieldyson Vasconcelos, o ex-governador do Piauí Wellington Dias (PT) traçou um panorama da sua gestão e as articulações relacionadas ao pleito de outubro, principalmente no que versa a disputa majoritária no Estado e em âmbito federal.

No episódio liberado na noite de quarta-feira, 04 de maio, o petista indica que ‘não tem vergonha de nada do que fez’ durante os seus mandatos. “Saí pela porta da frente”, dispara.

Entre os marcos ele destacou a educação, pontuando que o Piauí foi o primeiro estado brasileiro a ter ensino técnico e educação superior em todos os municípios. “Piauí foi o que mais avançou na educação”, frisou.

Dias pontua que o Piauí é pioneiro em diversos âmbitos no ensino, inclusive com a maior rede de ensino técnico, a maior rede de pós-graduação do país. O ex-governador crava que os resultados na área refletem a importância que a educação teve na sua trajetória.

O petista elencou que o Piauí hoje é reconhecido nacionalmente, deixando de ser o mais atrasado na educação do Brasil no início do século XXI para que o que mais avançou.

“Esse ano primeiro Estado e único do Brasil que tem educação pública superior em todos os Estados do Brasil, estive em um encontro do Todos para a Educação em São Paulo, em que recebi uma homenagem e um dos pontos que foi realçado foi a evolução, de Estado mais atrasado na educação do Brasil no século XXI ser o que mais avançou, mais avançou em redução do analfabetismo, mais avançou em matrículas, a maior rede de educação técnica, a maior rede de educação superior, e agora, a maior rede em pós-graduação, é o que tem proporcionalmente mais municípios com alternativa de pós-graduação, pode fazer uma especialização, um mestrado, em cerca de 80 municípios do Piauí, então a educação me abriu portas”, disse.

“Havia uma naturalidade na morte”

De uma família humilde, Wellington Dias relembrou no ielcast a morte de dois irmãos antes de completarem 1 ano de idade, constantando o quão era elevada a mortalidade infantil no Estado. O ex-governador aponta que esse cenário se modificou ao longo das últimas duas décadas e lamenta os óbitos que poderiam ter sido evitados caso o Estado tivesse no final do século passado uma rede de saúde mais avançada.

“Com certeza, um fato que não era só isolado da minha mãe, era uma realidade. O fato é que ali havia uma naturalidade na morte, tinha uma história que já vivi casado com a Rejane (Dias) de uma figura que a gente ainda chega a ser parente do lado dela, e ele morava perto do Aeroporto de São João do Piauí e um dia chegamos e disseram morreu um filho de Zé Amojado, ele desesperado e a mulher dele chegou a bateu no ombro dele e disse que a gente faz um novo”, afirmou.

De acordo com o ex-gestor, à época a mortalidade infantil era de 120 para cada 1 mil no Piauí, índice que atualmente deve girar em torno de 13 para cada mil.

Ademais, o petista também contou como o seu nome foi escolhido, contando ter sido uma homenagem para um jovem com deficiência que a sua mãe cuidava. “A minha mãe conta que no meu caso para poder estudar foi para Itainopólis e ela cuidava de um jovem, pessoa com deficiência, e o nome era Wellington; e ali naquele período ela se apegou muito a esse garoto e quando veio lá na frente ele veio a falecer e quando se casou combinou com meu pai de fazer essa homenagem”.

“Esse foi o papel desgraçado de Sérgio Moro”

Cotado para coordenar a campanha do ex-presidente Lula (PT) à Presidência da República, Wellington Dias disse que o então juiz Sérgio Moro atuou para rifar o petista da disputa presidencial, tendo em vista a vitória dos candidatos do partido nas quatro eleições anteriores. “Esse raciocínio é que temos que mudar, a lógica adequada é quando tivermos uma humanidade mais igual, se o Lula for eleito e reeleito, elegeu e reelegeu a Dilma, agora não vai ter pra ninguém, era esse o raciocínio, tem que tirar esse cara da jogada, esse foi o papel desgraçado de Sérgio Moro, tirar Lula da eleição”.

De acordo com ele, “Sérgio Moro subiu as tamancas”, referindo-se ao deslumbramento do ex-juiz com a exposição midiática.

Dias ainda desmistificou que o PT não atue em benefício dos empresários e ruralistas, apontando inclusive que foi durante as gestões do partido que o Ministério do Desenvolvimento Econômico foi criado, assim como o da Agricultura; segundo o ex-gestor, não se pode generalizar a questão.

“Eu sou contra generalizar, se for fazer crítica a uma pessoa, faça em nome dela, talvez o nosso candidato a governador em Mato Grosso do Sul seja do agronegócio, o que estou dizendo é que é um Governo para todos, mas para que o Brasil tenha estabilidade é preciso ajudar o degrau debaixo a subir”, frisou.

“Sou defensor do combate à corrupção”

No bate-papo com o jornalista Ieldyson Vasconcelos, Dias destacou que o Partido dos Trabalhadores fortaleceu os mecanismos de combate à corrupção no país, dando maior autonomia e estrutura aos órgãos de controle.

“Eu sou defensor do combate à corrupção, não há nada mais nobre do que a luta do combate à corrupção, foi o PT que montou todo arcabouço para que tivéssemos independência da PF, independência no Ministério Público, para que se tivesse condições de investigações”.

O ex-governador criticou o ‘perdão’ dado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) ao deputado Daniel Silveira, condenado pelo STF por incitar atos antidemocráticos, ele disse que Dilma Rousseff poderia ter, inclusive, concedido indulto a Lula, mas não o fez

De acordo com o ex-líder estadual, Bolsonaro tenta desviar o foco dos problemas reais do país. “Poderia ter feito não só com o Lula, mas com qualquer um, mas não tem lógica. Eu compreendo nesse instante Jair Bolsonaro, é o tempo todo desviando o foco, ele quer que o Brasil não direcione o olhar para os graves problemas do Brasil, é você ir nesse instante no supermercado e ver que o kilo da carne que na época de Lula era R$ 10 e agora é R$ 30; querem desviar dos escândalos”.

Wellington chora e diz que 350 mil mortes poderiam ter sido evitadas

No podcast o ex-governador se emocionou ao tratar sobre a pandemia do coronavírus, ele relembrou as ações adotadas pelo Piauí, pontuando que caso o Brasil tivesse seguido o exemplo do Nordeste, cerca de 350 mil mortes pela Covid poderiam ter sido evitadas.

Ademais, o petista compartilhou o encontro com um senhor que perdeu a esposa para a doença, fazendo duras críticas ao atual presidente.

De acordo com ele, Bolsonaro é o responsável pela maior chacina da história do país, e isso não pode ser esquecido. Wellington destacou que o presidente poderia ter trazido vacinas antes e que teria protelado a assinatura dos contratos; nesse âmbito, ele comemorou que o Piauí seja o Estado que proporcionalmente mais vacinou no Brasil. “Isso é fruto de muito trabalho, de acreditar, salvou vidas, encontrei esses dias com um cidadão que me deu um abraço e ele disse: ‘eu perdi minha mulher, mas eu quero lhe abraçar, a minha mulher o médico disse que se ela tivesse a vacina não teria morrido’, antes de fevereiro, janeiro, março de 2021 já era pra ter tido vacina. Era eu baixando decreto e o presidente mandando o povo ir pra rua, ali era um enfrentamento do Poder Central contra os Estados, contra os municípios”.

Com mais de 660 mil mortos na pandemia em solo nacional, Dias destacou as medidas adotadas em conjunto pelo Consórcio Nordeste e lamentou que a mesma atenção não teria sido dispensada pela gestão federal. “O que digo é que morreram 663 mil pessoas, se o Brasil tivesse feito o que o Nordeste fez, o que o Piauí fez, teríamos 350 mil pessoas vivas entre nós, ou que pelo menos não teriam morrido de Covid. O maior chacina da história, tem um responsável e se chama Jair Messias Bolsonaro”.

Wellington Dias explica ao apresentador Ieldyson Vasconcelos a escolha por Fonteles na disputa estadual (Foto: Divulgação)
Wellington Dias explica ao apresentador Ieldyson Vasconcelos a escolha por Fonteles na disputa estadual (Foto: Divulgação)

“Hoje o Piauí é outro”

Dias deixou o mandato no final de março, seguindo o prazo de desincompatibilização determinado pela Justiça Eleitoral, nisso, o ex-líder do Executivo, pontuou que saiu com a cabeça erguida e com uma boa avaliação.

“O que eu digo é que todo dia pedi a Deus que eu pudesse terminar o mandato, pudesse andar pelas ruas da minha casa, olhar nos olhos da minha família e não ter vergonha do que fiz, eu queria sair pela porta da frente; pra mim foi uma alegria ali naquele momento. Ser o primeiro brasileiro eleito quatro vezes no primeiro turno, então essa é uma responsabilidade muito grande”.

Ele ainda comentou o processo de escolha de Rafael Fonteles pelo seu grupo político, sinalizando que a ideia partiu de Marcelo Castro. “Tivemos várias opções, chegamos a discutir Marcelo Castro, Regina, ali fomos fazendo pesquisa, e num dado momento o próprio Marcelo disse que achava que o Rafael levava jeito, e disse que era uma nova geração”.

Dias finalizou destacando que o ‘Piauí é outro’, e hoje é o Estado das PPPs (parcerias público-privadas), o Estado da edução técnica em todos os municípios, assim como do ensino superior. “O Piaui é outro, modéstia à parte, se eu olho 2003, e olho 2022 é um outro Piauí, é um Piauí com conectividade, agora em 186 municípios vai para 224 este ano, é o Estado das PPPs do Brasil, resolvendo problemas de água em Teresina, agora a Transcerrados, são coisas reais, concretas, agora vamos integrar todos os 224 municípios por Estados, ter educação técnica em todos os municípios, ensino superior em todos os municípios, é um Estado que tem essa mudança, coloca o Estado num outro patamar”.

Fonte: Meio Norte

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