Em Portugal, grupo formado por estudantes e professores relata experiência que mudou indicadores negativos na cidade
Kariny Vieira e o grupo Quarteto de Bandolins em Oeiras (\Portugal) | Cinthia Lages
As tradições religiosas são o elo de Oeiras ao passado. A Educação é o passaporte da cidade para o futuro. Não é à toa que a Unesco, organismo das Nações Unidas, dedicou uma publicação sobre o caso Oeiras. Notas acima da média, processo de inclusão de alunos com deficiências, evasão zero, participação das famílias no dia a dia das escolas são algumas conquistas obtidas pela rede pública de ensino no município, que, em 10 anos, inverteo a nota do Ideb de 3.8 para 8.3. " Nosso foco é o conhecimento. Os resultados são consequência", diz a secretária municipal de Educação, Sebastiana Tapety.
Esta semana, a gestora e um grupo de oito pessoas, entre estudantes, professores e coordenadores, retornou de um intercâmbio educacional na Travessia das Letras, evento de estímulo à leitura para o público infanto-juvenil, realizado na cidade irmã portuguesa, que inspirou o nome do município piauiense. " Foi uma experiência única, que nos proporcionou testemunhar o que já ensinávamos para nossos alunos", conta o diretora da Escola Juarez Tapety, Cícero Sobrinho.
Em 2019, 6019 estudantes estavam matriculados nas 28 escolas da cidade. As aulas são complementadas com disciplinas como xadrez . Com 966 alunos entre 11 e 15 anos de idade, a escola é campeã em medalhas obtidas em competições de Ciências, Matemática e Robótica. Nos últimos seis anos, os estudantes receberam 345 premiações nacionais. Igor Gabriel oliveira conquistou duas medalhas de ouro na Olimíada de Matemática. Ele atribui a vitória às aulas e ao material de estudo fornecido para as atividades escolares.
Outra ação de impacto no município é o programa Busca Ativa que consiste na presença dos professores até as casas dos alunos faltosos. Graças a esse programa, no pós pandemia, a evasão praticamente não existiu, diz a Rosirene dos Santos Silva, diretora da Escola de ensino fundamental, professor Balduino Barbosa. Lá também funciona um dos Núcleos de Cultura. Ao todo, 540 alunos estão matriculados nos pontos que oferecem aulas de danças tradicionais, como o congo, e música. As aulas de bandolins estão entre as preferidas dos estudantes. O instrumento trazido pelos portugueses é uma tradição na cidade mas só era tocado pelas senhoras da elite. Foram elas que formaram o primeiro grupo de "Bandolins de Oeiras".
Alunos do 5ºano, Paulo Henrique Gomes e Aislany Silva integram a sexta geração dos Bandolins. As crianças estavam no grupo que foi à Portugal. Coube ao Quarteto de Bandolins, que contou ainda com o Alexandre Augusto, que foi aluno do primeiro núcleo e o professor Francisco Herberth, fazer o Concerto de Encerramento da Travessia das Letras. Com um repertório desafiador, o grupo executou Bach, Villa Lobos, Patativa do Assaré e Chico Buarque. A plateia, composta por crianças e adultos aplaudiu de pé. "É um momento mágico que estamos vivendo aqui. Sei que a minha Arte vai me levar muito longe", diz Paulo Henrique.
Do evento, participou o escritor Daniel Munduruku, para quem as ações educacionais apresentadas pelo município brasileiro representam uma esperança de que esse é o caminho para o desenvolvimento do país, "é muito bom ver que tem gente fazendo o que é certo. Acredito que é através da Educação, da Arte, da Cultura mais do que através da Indústria", acredita.