O Nordeste desponta como a região do Brasil na área da educação. Os nove estados têm bons exemplos de educação pública eficiente, como em Sobral, no Ceará; no Pernambuco e no Piauí não é diferente, atingiu o 9º lugar na avaliação do Índice de Educação Básica. O ensino das redes públicas e privadas são referência.Teresina, por exemplo, se destacou como primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (IDEB) entre as capitais do Brasil.
“O Piauí tem sido o estado com uma curva em evolução na educação desde o começo dos anos 2000 quando passou a integrar às políticas educacionais como sendo essencial para um maior desenvolvimento. O trabalho começa quando há expansão de projetos de alfabetização, oferta de cursos técnicos em todos os municípios e valorização de profissionais da educação com garantia do piso nacional e as mais de 5 mil progressões somente de 2019 até hoje. Esse avanço vem acompanhado da aplicação dos recursos dos precatórios do FUNDEF em todas as escolas da rede, sejam elas para reforma, ampliação e até construção de novas estruturas. Toda essa soma coloca o jovem piauiense, nosso principal público, em destaque nas notas do ENEM e na aprovação de vestibulares no Piauí e até em outros estados”, disse Ellen Gera, secretário de Educação do Piauí.
Segundo o secretário Municipal de Educação, Nouga Cardoso, é com muita alegria que comemora a repercussão nacional dessa avaliação. “Isso é fruto da abnegação dos professores e de todos que atuam na escola. São profissionais responsáveis e comprometidos com o desenvolvimento das crianças”, disse.
Nouga afirma que a capital piauiense vem num círculo virtuoso de resultados positivos, mas na última avaliação deve ser diferenciada em razão da pandemia quando os alunos, os professores e as famílias enfrentaram desafios.
Com 96 escolas de Tempo Integral, a educação pública no Piauí é feita com esmero e entrega dos professores.
O professor Darkson Vieira Machado, diretor do CETI Augustinho Brandão, em Cocal dos Alves, ressalta a organização, a parceria entre Estado e Prefeitura para promoção de uma boa educação. Trabalhar com projetos, engajamento de alunos, professores, famílias e sociedade, em que os alunos são protagonistas e atuam como monitores são alguns dos fatores que contribuem para uma educação de qualidade para o Brasil.
O resultado é claro, segundo o diretor, a Escola Augustinho Brandão tem 100% de aprovação no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) nos cursos mais almejados. O professor destaca ainda a participação na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, em que a escola conquista medalhas de ouro, prata, bronze e menção honrosa.
Na cidade de Cocal dos Alves, Prefeitura e Estado trabalham de forma harmônica. Não há distinção entre alunos da rede estadual ou municipal”, disse o diretor, declarando que a preparação dos alunos começa na base. A escola promove preparação presencial e virtual aos sábados, à noite.
“Cocal respira educação”
Há todo um interesse e envolvimento de quem faz a escola. Os alunos chegam às 7h da manhã e no período mais intenso de preparação, chegam a ficar até a noite e há envolvimento da Prefeitura e Estado na organização, seja confeccionando material, fornecendo uniformes, lanches e refeições para almoço e jantar. “Tudo isso somado ao apoio dos professores voluntários, ex-alunos medalhistas que trabalham em outros lugares que vão à cidade para ajudar na preparação”, explica o diretor, destacando ainda a participação do professor Amaral Cardoso, que está sempre presente aos sábados para dar aulas. “Estudar matemática faz parte da cultura de Cocal dos Alves. A cidade respira educação”, disse.
Para o professor, o que torna o CETI Augustinho Brandão como referência na educação para o Brasil é o comprometimento de gestores, dos professores, dos alunos e da família. “Cocal dos Alves respira educação”, garante o diretor.
O resultado positivo é fruto de um trabalho iniciado há mais de 20 anos e começou com o estudo da Matemática e abrange outras disciplinas. “Nosso lema é transformação social através da educação no lugar em que vivemos e a matemática é o nosso carro-chefe”, disse.
Educação transformadora
Para o diretor, toda sociedade é envolvida e já canalizou a mensagem de que a educação transforma. “Aqui, os resultados vão além da OBMEP, os professores são empenhados, estão na escola voluntariamente, extrapolam carga horária e estão presentes no Pré-Enem à noite”, declara.
O CETI Augustinho Brandão participou da OBMEP 2021 com 40 alunos. “Temos 500 alunos matriculados na escola que tem grande procura por vagas. Ofertamos tudo na escola, Ensino Fundamental, Ensino Médio Integral, médio noturno e curso subsequente em agricultura”, explicou o diretor, ressaltando que o Governo do Estado está concluindo a ampliação da escola.
Localizada em Teresina, o CETI Raldir Cavalcante está sob a direção do professor Carlos Eduardo Soares Rodrigues. A escola cravou seu nome na história da educação piauiense pelas boas notas obtidas em avaliações interna e externa. Desde 2009, tanto no IDEB quanto no ENEM, os índices são bons.
Para o diretor, a proposta não é trabalhar somente os componentes curriculares. “Focamos na formação completa do educando”, disse, enfatizando que os alunos percebem e vivenciam clima de familiaridade, atenção e segurança. “Atendemos o aluno de forma que ele não adquire só conhecimento, mas preparamos de forma que ele conclua o ensino médio e tenha condições de enfrentar o mercado de trabalho e esteja preparado para a vida e para o ensino superior”, disse o diretor, declarando que o aluno é preparado para desenvolver sua autonomia e ser um cidadão.
Segundo o diretor, a escola tem 400 alunos matriculados e o ENEM é o carro-chefe. A preparação ocorre no 1º, 2º e 3º ano do ensino médio. “Há uma preparação árdua, planejada com profissionais da escola e também de outros segmentos, fazemos parcerias e a aprovação no ENEM supera 70%, chegando até mesmo mais de 80%.
Formação de cidadãos
O diretor diz que no CETI Raldir Cavalcante tem laboratório de redação, Pré-Enem na escola e traz ex-alunos para ministrar palestra, realiza a feira de profissões onde são abordados os desafios e também há destaque para os casos bem-sucedidos. “Preparamos para o mercado de trabalho e como se preparar para o mundo, destacando as portas abertas, as expectativas de vida”, declara o diretor.
O professor Carlos Eduardo informa ainda que a escola realiza revisões e simulados e conta com equipe de psicólogo, assistente social, psicopedagogo para ajudar o aluno nessa fase de transição do ensino médio para o superior e da adolescência para uma fase mais madura em que ele precisa ter autonomia para tomar decisões.
“O aluno sai da escola e quer voltar para agradecer. Aliás, ele permanece em contato e quando passa no ENEM, a primeira coisa que faz é voltar à escola, fazer fotos e agradecer. O contato é permanente e quem sai sempre avisa quando começa a estagiar, quando se forma e quando está trabalhando. O estudante cria laços com a escola pelo resto da vida”, diz.
O CETI tem 10 salas de aula, 22 professores, salas de informática e trabalha com projetos Fundamental 2, que atende alunos do 9º ano do Fundamental, desenvolve projetos de leitura, Jovens Empreendedores em parceria com Sebrae. “Temos ainda os projetos Diálogo Motivacional, de Intervenção na Aprendizagem, Interdisciplinar, de Redação, criação de romance, de robótica”, disse, citando ainda os projetos “É do portão para fora que a gente se resolve”, metodologias de estudo, mostra de profissões e formação de monitores.
Os desafios, segundo o diretor, são muitos. A maior proposta é tornar a escola num lugar de vida onde o estudante é protagonista de sua história. “Nosso intuito é fazer com que cada aluno seja livre para escolher os seus caminhos. É isso que tenho feito durante os mais de 20 anos que estou na escola. O aluno é livre, não é para ser moldado, é mostrar que o aluno consegue e ninguém consegue puxar seu tapete e que nenhuma porta vai se fechar, pois ele tem a chave”, afirma, destacando que a escola é vida.
Foco nas pessoas
É dessa forma que professores e alunos são orgulhosos do CETI Raldir Cavalcante pela forma como produz conhecimento e forma seres humanos. “Aqui o ambiente é de construção do saber com amor”, afirma o professor, ressaltando a importância do Grêmio estudantil, em que os alunos são protagonistas e ajudam na organização da escola.
“Os resultados são consequências do que fazemos. Não trabalhamos nos projetando para números, nosso projeto é focar nas pessoas que vão mudar de vida, que tem sonhos e vão realizar esses sonhos. Nos projetamos em formar pessoas livres para fazer suas escolhas e livres também para votar por um Brasil melhor. Acreditamos na educação e vamos continuar acreditando mesmo diante de tantas fragilidades, problemáticas e desafios”, afirma.
Fonte: Meio Norte
