A economia brasileira deve registrar crescimento de 0,6% no terceiro trimestre de 2022, em relação aos três meses anteriores, segundo levantamento com 35 economistas consultados pela agência Bloomberg.
As projeções variam de 0,3% (Genoa Capital) a 1% (Banco Fibra, Infinity Asset Management e Pantheon). A maioria (21 economistas) projeta crescimento de 0,5% a 0,7%.
Com esse resultado, a expectativa é que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil finalmente supere o patamar anterior à recessão de 2014-2016.
Na época, a economia encolheu por 11 trimestres seguidos, uma queda acumulada de 8%, e só agora volta ao patamar verificado há mais de oito anos, período classificado por muitos economistas como uma "década perdida".
O PIB do terceiro trimestre será divulgado nesta quinta-feira (1º) às 9h pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No segundo trimestre, o crescimento foi de 1,2% na mesma base de comparação.
Apesar da desaceleração, o resultado deve ficar acima das estimativas traçadas no início do trimestre passado, antes de o governo Jair Bolsonaro (PL) mudar a Constituição para aprovar uma série de medidas de estímulo econômico no período eleitoral.
O economista-chefe do Banco MUFG Brasil, Carlos Pedroso, projeta crescimento de 0,4% na comparação trimestral, com destaque para a recuperação dos serviços prestados às famílias, beneficiados ainda pela reabertura das atividades e também pelo aumento do Auxílio Brasil para R$ 600.
"[O resultado] Vai ficar mais focado no consumo das famílias, ou no setor de serviços se você olhar pelo lado da produção, justamente por conta desse efeito renda, não só na questão do Auxílio Brasil, mas também a melhora do mercado de trabalho, que também ajuda nesse resultado positivo", afirma Pedroso.
Ele espera retração de 0,3% no quarto trimestre, reflexo da deterioração das condições financeiras das famílias que já se manifesta em diversos indicadores econômicos.
O economista Jason Vieira, da Infinity Asset Management, espera uma expansão de 1% no terceiro trimestre, com base em indicadores antecedentes que se mostraram mais positivos do que o esperado anteriormente.
Ele também destaca o comportamento dos serviços, favorecidos pelo consumo das famílias em um cenário de reabertura, elevação do Auxílio Emergencial e recuperação do emprego. Preços de commodities ainda elevados devem beneficiar alguns outros setores.
"Alguns dados vieram acima da expectativa, principalmente para agosto, que surpreendeu bastante. Você teve um movimento que, de certa maneira, se espalhou pela cadeia. A gente começou a colocar isso na conta e acabou puxando um número mais forte", diz o economista, que espera nova desaceleração no quarto trimestre, com um crescimento de 0,5%.
Também entre as projeções mais otimistas, o Santander Brasil estima alta de 0,9% no terceiro trimestre, com crescimento generalizado entre os setores, mas com destaque para serviços.
Segundo o banco, o resultado, se confirmado, deixaria um carregamento estatístico de 3,1% para o crescimento do PIB de 2022 e colocaria a economia 0,6% acima do pico da série histórica, verificado no primeiro trimestre de 2014.
Já o Monitor do PIB da FGV apontou crescimento de 0,4% no trimestre, em relação ao segundo, com desempenho positivo das três grandes atividades econômicas (agropecuária, indústria e serviços) e de todos os componentes da demanda.
A instituição afirma que a desaceleração pelo segundo trimestre seguido sinaliza a dificuldade de a economia manter o ritmo de crescimento registrado no início do ano.
"Não é surpresa que os juros em patamares elevados tenham se refletido em dificuldade para a economia no segundo semestre. Graças aos estímulos fiscais que ocorreram na economia ao longo do ano, o início do enfraquecimento econômico de certa forma demorou a chegar", afirma Juliana Trece, coordenadora da pesquisa.
Outro indicador, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), encerrou o terceiro trimestre com crescimento de 1,36% em relação aos três meses anteriores.
As expectativas para o quarto trimestre são de nova desaceleração da economia, considerando efeitos defasados do aumento dos juros e a perda de força de alguns estímulos econômicos.
Fonte: Folhapress