MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o tenente-coronel preso pela PF no caso das joias sauditas, Mauro Cid, foram convocados a depor na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro. Os requerimentos de convocação foram aprovados nesta terça-feira (13). Com isso, eles são obrigados a comparecer ao colegiado. A data dos depoimentos será marcada pelo presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA).
Também foram convocados os investigados por financiar os atos de 8 de janeiro e os mentores intelectuais do vandalismo, além de Jorge Eduardo Naime, que é ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal, na condição de testemunha.
Havia pedido de convocação do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias; no entanto, a maioria dos parlamentares rejeitou o requerimento. Também foi negado o pedido de convocação de Saulo Moura da Cunha, que é ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Os parlamentares aprovaram pedidos de compartilhamento de imagens e registros do GSI, do Senado, da Câmara e do Supremo Tribunal Federal relativos aos atos de vandalismo. Também aprovaram um pedido de informações expedido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre a possibilidade de manifestações violentas em 8 de janeiro.
Apesar de terem protocolado mais de um pedido de convocação e convites, ficaram fora do primeiro bloco de intimações nomes como o do ministro da Justiça, Flávio Dino, e o do repórter fotográfico Adriano Machado, que aparece nas imagens de uma câmera de segurança registrando a depredação do Palácio do Planalto.
Bate-boca entre governistas e oposição
A reunião foi marcada por divergências entre parlamentares da base do governo e da oposição. A principal discussão girou em torno de dois pedidos de informações relacionadas a Jair Bolsonaro, para o compartilhamento dos dados extraídos do celular do ex-presidente pela Polícia Federal, na Operação Venire, que investiga fraudes nos cartões de vacinação de Bolsonaro, de familiares e de assessores.
Segundo o deputado Filipe Barros (PL-PR), o tema do requerimento não estava alinhado ao objetivo da investigação da comissão. "Não tem pertinência temática com a investigação", afirmou. A oposição tenta afastar a responsabilidade de Jair Bolsonaro e atribuir a culpa dos atos de vandalismo à possível prevaricação do governo Lula.
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Já os governistas defenderam o compartilhamento de informações, sob a alegação de que a investigação dos atos antidemocráticos deve retroceder a eventos anteriores ao que aconteceu na praça dos Três Poderes em 8 de janeiro. "Os atos antidemocráticos têm uma lógica, buscou-se GLO [Garantia da Lei e da Ordem], teve pedido de golpe e teve planejamento de explosão de bomba, então foi um processo", afirmou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Aliados do governo querem provar o vínculo do ex-presidente Jair Bolsonaro com os atos de vandalismo, priorizando a convocação de financiadores dos atos extremistas e de pessoas ligadas diretamente ao ex-chefe do Executivo.
Presidente da CPMI se reúne com Moraes
Os pedidos de quebra de sigilo de documentos, de contas bancárias e de ligações telefônicas dos investigados foram retirados da pauta desta terça. Ainda hoje, o deputado Arthur Maia, presidente da CPMI, deve se encontrar com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para tratar do compartilhamento de documentos sigilosos relacionados aos atos extremistas. A ideia é acordar a liberação de informações antes de votar pedidos, a fim de evitar conflitos com o Judiciário.