Uma carta conjunta escrita por cientistas brasileiros e europeus cobram do governo da Alemanha a devolução do crânio de um dinossauro que foi contrabandeado do Brasil.
Existe a suspeita que o fóssil - um dinossauro Irritator challengeri- tenha sido encontrado no Piauí, na região que engloba a Chapada do Araripe. Este é o único fóssil conhecido e bem preservado desta espécie.
Segundo os cientistas, o fóssil foi comprado pelo Museu Estadual de História Natural de Stuttgart, na Alemanha, no ano de 1991, mas desde o ano de 1942 a legislação brasileira proíbe que fósseis encontrados no país sejam comercializados, a não ser que exista algum tipo de autorização do governo brasileiro. Os cientistas afirmam que o museu não teria qualquer tipo autorização para ter esse fóssil, e que ele teria sido adquirido ilegalmente. Eles ainda afirmaram que são vários os fósseis localizados em museu na Alemanha sem autorização.
O paleontólogo Juan Cisneros, que é professor da Universidade Federal do Piauí, é um dos pesquisadores que assina a carta. Ele afirmou que muitos fósseis no Brasil foram contrabandeados para vários países. No caso da Alemanha, alguns já foram devolvidos, e agora cientistas escreveram uma carta para o Ministério da Ciência da Alemanha relatando essa nova situação.
Segundo Juan Cisneros existe a possibilidade desse ser o primeiro dinossauro do Piauí, mas que é necessário que o fóssil seja devolvido para ser estudado.
Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com
“A gente não tem 100% de certeza que esse fóssil seja daqui do Piauí, mas a gente sabe que ele foi encontrado na região do Araripe, que fica no sudeste do estado e pega boa parte do Piauí, Ceará e Pernambuco. Como o fóssil foi traficado, algumas informações se perdem no processo, mas independentemente disso a gente tem que lutar, pois é um patrimônio brasileiro, do Nordeste, tem alta chance que seja do Piauí, e o lugar dele não é na Europa. Ele tem que estar em um museu local, ao alcance dos brasileiros, para que a gente conhecer. Esse talvez seja o único dinossauro que tenha sido encontrado aqui no Piauí”, afirmou.
O fóssil é um Irritator challengeri, que pode ter entre 5 a 6 metros e que vivia principalmente na água. “Esse é muito parecido com os dinossauros encontrados na África. É de uma época em que a América do Sul e a África estavam começando a se separar, então tem muitas espécies habitantes naquele continente que estavam aqui. Este animal é um carnívoro de grande porte e muito parecidos com os da África”, explicou.
Juan Cineros mostra como está o crânio atualmente
O paleontólogo disse que vai seguir cobrando a devolução do crânio para que ele seja estudado no país. “Esses estudos poderiam ser feitos aqui, mas não podemos fazer isso com esse fóssil na Europa, por isso essa batalha para devolução”, destacou.
Devido à situação do crânio, que está sem o focinho, uma imagem em 3D do animal foi realizada, mostrando como ele seria.
Foto: Olof Moleman
Imagem em 3D do Crânio
Apoie a causa
Para apoiar a devolução do crânio, um formulário está sendo disponibilizado na internet para que as pessoas possam assinar. O formulário está disponível em português, inglês e alemão.