REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS
Um grupo de alunos de medicina da Unisa (Universidade Santo Amaro) relatou ao R7 que, apesar de não concordar com situações como a de "masturbação coletiva" durante um torneio de vôlei feminino, casos como esse "são comuns e acontecem em festas e jogos universitários há anos".
"Estão todos indignados e aborrecidos pela nossa faculdade estar sendo tão mal falada e desmoralizada por causa dessa atitude, que a gente repudia. Acontece que, infelizmente, é comum no meio universitário. E outras faculdades também estão envolvidas e também fazem isso", relata uma estudante de medicina que concordou em falar com o R7 sob anonimato.
Ainda segundo os alunos ouvidos pela reportagem, quem não gosta dessas situações pode ficar de fora. Mas, como elas acontecem há muito tempo e são recorrentes, existe um certo receio em fazer comentários contrários ao fato.
Vídeos e imagens a que a reportagem do R7 teve acesso mostram outras ações dos estudantes em torneios e festas universitárias.
ARQUIVO PESSOAL
No dia do torneio de vôlei feminino em que os alunos de medicina da Unisa aparecem participando da "masturbação coletiva", outro grupo, de outra universidade, que está do lado oposto da quadra, abaixa as calças e mostra as nádegas.
Em outra ocasião, em uma festa universitária, um jovem aparece sambando completamente nu na frente de outros participantes do evento.
Em mais um vídeo, é possível ver dois estudantes dançando nus em cima de um palco. Segundo o grupo que fez a denúncia, estudantes das faculdades de medicina da USP (Universidade de São Paulo), da São Camilo, da Santa Casa e da FMJ (Faculdade de Medicina de Jundiaí) estão envolvidos.
"Esse tipo de coisa acontece não só na nossa faculdade e não só entre alunos do curso de medicina. As pessoas ficam peladas na intenção de zoeira, e não na intenção de abuso ou importunação", comentou um aluno.
O jovem reitera que não participa desse tipo de ato, mas quis compartilhar sua opinião porque, segundo ele, as informações divulgadas focam apenas os estudantes de medicina da Unisa, mas integrantes de outras universidades também estão envolvidos.
Ele conta ainda que o caso da "masturbação coletiva" ocorreu em meados de abril e que, até o vídeo ser veiculado, "ninguém tinha se sentido ofendido".
Todas as universiadades citadas nesta reportagem foram procuradas pelo R7 para obter um posicionamento acerca do que acontece nos jogos e em festas universitárias.
Assim que houver o retorno das unidades, o R7 atualizará este texto.
Expulsão da faculdade
Os alunos envolvidos no ato de masturbação foram expulsos da Unisa nesta segunda-feira (18). Por meio de nota, a instituição informou que repudia essas atitudes, "mesmo tendo ocorrido fora de dependências da universidade e sem responsabilidade da mesma sobre tais competições".
O caso também é investigado pela Polícia Civil, que determinou o registro de um boletim de ocorrência na DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de São Carlos e enviará requisições às universidades envolvidas e à Secretaria de Esportes da Prefeitura Municipal.
O MEC (Ministério da Educação) e o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) notificaram a universidade e pediram esclarecimentos sobre a situação.
No ofício da Diretoria de Supervisão da Educação Superior do MEC, o órgão fixou um prazo de 15 dias para que a Unisa explique quais apurações estão sendo feitas sobre o caso.
Questionados sobre a expulsão dos envolvidos, os alunos da Unisa relataram que olham por outro ângulo e acreditam que a faculdade fez o melhor para este período em que está sendo pressionada, mas acreditam que, para ser justa, "muita gente ainda tem que ser expulsa por isso".
Veja nota da Unisa na íntegra:
A universidade Santo Amaro Unisa informa que na manhã de hoje, dia 18 de setembro, sua reitoria tomou conhecimento de publicações em redes sociais divulgadas durante o fim de semana de 16 e 17 de setembro contendo gravíssimas ocorrências envolvendo alunos do seu curso de medicina; de acordo com tais vídeos, alguns alunos, todos do sexo masculino, executaram atos execráveis ao se exporem seminus e simularem atos de cunho sexual durante competicão esportiva envolvendo estudantes de medicina da Unisa e de outra universidade realizada na cidade de São Carlos.
Assim que tomou conhecimento de tais fatos, mesmo tendo esses ocorrido fora de dependências da Unisa e sem responsabilidade da mesma sobre tais competições, a instituição aplicou sua sanção mais severa prevista em regimento, ainda nesta mesma segunda-feira (18/09), com a expulsão dos alunos identificados até o momento; considerando ainda a gravidade dos fatos, a Unisa já levou o caso às autoridades públicas, contribuindo prontamente com as demais investigações e providências cabíveis.
A Unisa, instituição com mais de 55 anos de história, repudia veementemente esse tipo de comportamento antagônico à sua história e aos seus valores.
São Paulo, 18 de setembro de 2023.
Prof. Dr. Eloi Francisco Rosa
Reitor