Estelionatários estão se aperfeiçoando e investindo em novos golpes pelo celular. Já existem relatos de pessoas que receberam mensagens de áudio com vozes idênticas às de parentes, fazendo pedidos de dinheiro.
Na última terça-feira (14), o jornalista Felipe Laud, foi surpreendido ao ouvir uma mensagem com a própria voz, "Comecei a escutar várias vezes para ver as semelhanças, e realmente muito parecido com a minha voz."
Quem também foi pega de surpresa foi a mãe dele, Cristiane França, ao receber um áudio com um pedido de PIX de quase R$ 2 mil, "É porque não vou conseguir ir no banco hoje, mãe, não vai dar tempo. Mas amanhã cedo já resolvo e te mando".
O golpe só não funcionou porque ela estranhou o pedido, "Muito parecida, eu digo que praticamente era igual o jeito que ele falava comigo, né?, mas achei muito estranho, porque ele geralmente não me pede dinheiro". Desconfiada, ela compartilhou o caso com a filha. Elas conseguiram entrar em contato com o Felipe, que negou o pedido de ajuda e registrou um boletim de ocorrência.
O golpe que clona a voz de uma pessoa é produzido com inteligência artificial, que usa pequenos trechos de áudio para criar diálogos inteiros. Os programas são facilmente encontrados na internet.
Especialistas em informática afirmam que, por enquanto, as principais vítimas do golpe são pessoas com a voz exposta publicamente, como jornalistas e artistas, e também quem está na vitrine das redes sociais, influenciadores como o Nathan Abritta. A mãe dele recebeu o áudio enquanto falava com o filho.
"Já tinha acontecido de tentarem mandar mensagem pra ela, só que no caso, era só por texto, né? Não sabia nem que era possível fazer isso. Achei que só com, sei lá, com cantor era possível fazer", conta Nathan.
Para não cair na armadilha, Jéferson Campos Nobre, professor do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, recomenda criar uma palavra-chave para pedidos de empréstimo, um termo aleatório conhecido apenas por parentes, e ter tranquilidade.
"Eles têm sucesso porque a pessoa em questão que recebeu está no momento em que ela não está conseguindo processar as informações de uma forma mais tranquila", diz o professor Jéferson Nobre.