Foto: Candice Ballester/Iphan
Por Bárbara Rodrigues (Com informações do Governo Federal)
A Chapada do Araripe, que compreende as divisas entre os estados do Piauí, Ceará e Pernambuco, poderá ser reconhecida como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Ela concorre juntamente com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), onde ambos foram inscritos na Lista Indicativa da Unesco de locais que podem se tornar Patrimônio da Humanidade Cultural, Natural e Misto.
A Chapada do Araripe possui cerca de 160 km, sendo conhecida por ser um local onde existe um sítio arqueológico, onde foram encontrados bens com 180 milhões de anos, abrigando a memória de formação geológica da terra e registros arqueológicos da presença humana do passado.
A inscrição na lista é como uma etapa prévia, que serve como instrumento de planejamento e preparação para as futuras candidaturas a Patrimônio Mundial. Dessa forma, elas podem iniciar o processo de reconhecimento, e devem permanecer por um ano na lista para qualquer formalização de candidatura oficial ao Centro do Patrimônio Mundial da Unesco.
O presidente do Iphan, Leandro Grass, afirmou que a candidatura é o primeiro passo para dar início ao processo de reconhecimento.
“A candidatura ainda não significa o reconhecimento como Patrimônio Mundial, mas os bens que já foram reconhecidos partiram dessa lista indicativa. Esses dois bens podem se juntar aos outros sítios do Brasil já reconhecidos como Patrimônio Mundial”, destacou Leandro Grass.
Atualmente, o Brasil possui 23 Patrimônios Mundiais, entre eles está a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, informou que essa é uma oportunidade de mostrar ao mundo as potencialidades do país.
"Temos uma oportunidade ímpar de compartilhar os patrimônios do Brasil numa vitrine mundial. Somos ricos, plurais e temos muito a oferecer. E a cada vez que mostramos essas nossas belezas naturais, fortalecemos a nossa cultura”, afirmou a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
A proposta para a Chapada do Araripe
Segundo o Governo Federal, a discussão sobre uma possível candidatura iniciou ainda no ano de 2019, com a realização de estudos preliminares. Em 2020 a área foi mapeada onde foram identificados um conjunto de bens naturais e culturais com potenciais valores universais excepcionais que justificariam a inclusão do bem na Lista Indicativa do Patrimônio Mundial.
Foto: Unidade de Conservação Socioambiental
Esse mapeamento foi realizado pelo Iphan, a Fundação Casa Grande, a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), a Fundação Cearense de Amparo à Pesquisa (Funcap), a Universidade Regional do Cariri (Urca), e o Fecomércio / Sesc Ceará.
A chefe da Divisão de Reconhecimento Internacional de Bens Patrimoniais do Iphan, Candice Ballester, destacou a importância da região para contar sobre a presença humana no passado.
“São sítios arqueológicos entendidos como sítios mitológicos também. É uma bacia cultural rica e diversa, que agrega uma série de referências culturais do homem que habita milenarmente esse território, onde a arte popular, os saberes, as celebrações e ritualísticas estão presentes ainda hoje, e são transmitidos para futuras gerações, reforçando a riqueza de sua dinâmica cultural”, explicou Candice Ballester.
Quando ocorre a inscrição é necessário atender aos critérios da Unesco, que possui uma lista com 10 itens, onde é necessário atender a pelo menos um deles para poder estar apto a concorrer. No caso da Chapada, ela atendeu aos critérios 3, 6 e 8, da lista. São eles:
- 3- Constituir um testemunho único ou pelo menos excepcional de uma tradição cultural ou de uma civilização viva ou desaparecida;
- 6- Estar direta ou materialmente associado a acontecimentos ou a tradições vivas, ideias, crenças ou obras artísticas e literárias de significado universal excepcional (o Comitê considera que este critério deve, de preferência, ser utilizado conjuntamente com outros);
- 8 -Ser exemplos excepcionalmente representativos dos grandes estágios da história da Terra, nomeadamente testemunhos da vida, de processos geológicos em curso no desenvolvimento de formas terrestres ou de elementos geomórficos ou fisiográficos de grande significado;
Fundação Oswaldo Cruz
Quem também está concorrendo é a Fundação Oswaldo Cruz pelo seu conjunto histórico em Manguinhos, no Rio de Janeiro. O local foi criado com o objetivo inicial de produzir soros e vacinas para combater as epidemias da época, o instituto dirigido por Oswaldo Cruz representa um tipo de organização científica original, baseado na confluência da medicina tropical com a microbiologia.
“A candidatura da Fiocruz é singular na medida em que se propõe a preencher uma lacuna de reconhecimentos pela Unesco, relativa ao patrimônio da saúde”, afirma o diretor da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), Marcos José Pinheiro. “A recente pandemia mostrou o quanto a saúde – em suas diferentes dimensões – é um tema relevante e impregnado de significados para a população mundial. A inclusão na lista indicativa é um reconhecimento e, ao mesmo tempo, um desafio que estamos muito entusiasmados em enfrentar”, complementa.
A candidatura Fundação Oswaldo Cruz: saúde, ciência e cultura em Manguinhos, apresentada como patrimônio cultural, atende aos critérios 2 e 6 como justificativa do Valor Universal Excepcional. São eles:
- 2- Ser testemunho de um intercâmbio de influências considerável, durante um dado período ou numa determinada área cultural, sobre o desenvolvimento da arquitetura ou da tecnologia, das artes monumentais, do planejamento urbano ou da criação de paisagens;
- 6- Estar direta ou materialmente associado a acontecimentos ou a tradições vivas, ideias, crenças ou obras artísticas e literárias de significado universal excepcional (o Comitê considera que este critério deve, de preferência, ser utilizado conjuntamente com outros);