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Agricultor preso ao ser confundido com estuprador de SP é investigado em homicídio no CE
Polícia
Publicado em 13/05/2024

Foto: Reprodução/PC-PI

 

O agricultor, Raimundo Alves de Almeida, de 59 anos, preso na última quinta-feira (09), em Sussuapara-PI, após ser confundido com um condenado por estupro em São Paulo, responde pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver no Ceará. A informação foi confirmada pela Delegacia de Combate às Facções Criminosas, Homicídios e Tráfico de Drogas (DFHT) de Picos.

O delegado de Polícia Civil, Alexandre de Alcântara, informou que a prisão ocorreu devido inconsistência de dados reportados pela justiça.

“O mandado que nós recebemos pra cumprir, conforme cadastro no Banco Nacional de Mandados de Prisão, trazia os dados do indivíduo efetivamente conduzido. Ocorre que o mandado foi feito com dados divergentes dos que deveriam constar. O erro foi do TJ-SP que cadastrou o homônimo. O indivíduo que foi conduzido e preso já havia sido monitorado anteriormente pela nossa equipe em razão de um processo que ele responde no Estado do Ceará por homicídio e ocultação de cadáver. Por isso, nós já possuíamos todos os dados de qualificação dele e o endereço. Não foi uma operação "corrida", explicou o delegado.

Alexandre de Alcântara ainda acrescentou que sobre o crime em que o agricultor Raimundo Alves é investigado no Ceará, este teve o mandado de prisão inicial revogado após comprovado nos autos que o mesmo estava com domicílio fixo no Piauí. No entanto, o processo está aberto e o mesmo ainda deverá ser julgado.

Agricultor relata sobre momentos na prisão

Raimundo Alves relatou ter vivido momentos difíceis durante o tempo em que permaneceu preso na Central de Flagrantes de Picos. O mandado de prisão cumprido fazia menção a um homem com mesmo nome, mesma filiação da mãe, porém dados divergentes quanto a documentação e data de nascimento.

“Estava na roça broncando, quando cheguei as 4 horas da tarde em casa. Foi que chegou dois policiais e perguntaram se eu era Raimundo e eu disse que sim. Foi aí que me disseram ‘você está preso, tem um mandado de prisão’. Eu entrei no carro e quando chegou no Junco, o policial me disse que era um crime em São Paulo, por estupro. Eu até ri, porque eu nunca andei em São Paulo, eu nunca andei lá. Eu pensei besteira, com medo de ir para o presídio porque eu sei que estuprador eles não respeitam. Eu tinha muito medo de subir para o presídio porque sei que lá era mais difícil a situação”, disse o agricultor.

Apesar da angústia por estar preso, Raimundo Alves ressaltou que recebeu assistência necessária por parte da polícia.

“Os policiais me zelaram, me respeitaram, o delegado também. Todo dia, eles me entregavam o meu remédio no horário. Eles sempre me motivavam dizendo que iria ser solto assim que comprovasse o erro dos dados”, ressaltou Raimundo Alves.

A filha do agricultor, Zildene Santos, ressaltou que após a prisão do pai, a família se sente envergonhada pelo “julgamento” social.

“Deu certo, conseguimos provar, agora vamos tentar viver nossa vida, mas nossa imagem ainda não está muito boa. Agora é procurar seguir em frente. O mandado estava correto, os nomes batiam, mas não conferiram CPF e RG. Eu sabia que meu pai era inocente, por isso fui atrás de soltar meu pai”, frisou.

O advogado que representa o agricultor, Francisco Kleber Alves de Sousa, relatou que o Habeas Corpus foi concedido após verificar que os dados pessoais e a data de nascimento eram divergentes, confirmando o erro. A família vai acionar a justiça.

"Na lavratura do mandado de prisão não havia a comunicação correta dos dados. Apenas o nome dele e da mãe era que coincidia com a pessoa que responde pelo crime em São Paulo. Já as outras informações eram divergentes da pessoa presa enganosamente. Verificando o erro encaminhamos uma liminar para o TJ de São Paulo, onde foi deferida pela soltura na tarde de ontem. Ele foi preso de uma falta de atenção absurda, foi encaminhado o mandado com falta de dados. Ele passou alguns dias presos, a sociedade o julgou por um crime grave que a sociedade repudia. Vamos entrar na Justiça pedindo reparo por essa situação tão injusta”, explicou.

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