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Armas apreendidas pela Polícia Militar (PM), na Bahia e em Pernambuco, eram desviadas pelos policiais, que as revendiam pelo dobro do valor a um esquema, que abastecia facções criminosas nos dois estados e envolvia também donos de lojas de armas e falsos CACs (colecionadores, atiradores e caçadores).
Dez policiais militares e três donos de lojas de armas foram presos nesta terça-feira (21), entre os 20 alvos da Operação Fogo Amigo, suspeitos de lucrarem mais de R$ 10 milhões com os crimes.
"Armas, que teoricamente eram para serem apreendidas e levadas para alguma delegacia, e não eram apresentadas. Essas armas eram vendidas para facções criminosas". É o que afirmou o delegado regional da Polícia Federal (PF) na Bahia, Rodrigo Motta.
Um capitão da PM em Salvador, preso nesta terça, teria repassado até 10 mil munições por mês no esquema. Outro PM, um sargento de Petrolina (PE), revendia até 20 armas/mês. As investigações mostraram que ele movimentou R$ 2 milhões em menos de seis meses e foi identificado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Os PMs presos ficarão detidos em unidade militar. A Corregedoria da PM e o Exército também participaram da operação.
As investigações da PF com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual da Bahia, apontaram que armas retiradas das ruas, e não lançadas como apreensão, e armas novas na caixa, comercializadas para criminosos em nome de falsos CACs, rendiam duas vezes seu valor.
Um fuzil vendido no esquema, chegava a valor três vezes mais, exemplificou o delegado João Ricardo, da Força Correicional Especial Integrada. "A arma era desviada e eles vendiam no mercado ilegal. Eles vendiam mais caro do que no mercado formal. Por exemplo, se você compra um fuzil de R$ 13 mil ou R$ 15 mil em uma loja, você só compraria no mercado informal por R$ 20 mil, R$ 30 mil e até R$ 50 mil."
A descoberto decorre de outra operação deflagrada contra venda de armas para o crime em Juazeiro (BA). Um delator ajudou investigadores a identificar três lojas de armas, na Bahia e em Pernambuco, que estariam abastecendo facções nos dois estados e também em Alagoas.
Falsos CACs
Das ruas as facções compravam armas usadas desviadas por policiais ligados ao crime e também armamento na caixa, direto da fábrica, vendido ilegalmente com uso de "laranjas" e falsos registros de CACs.
Três pessoas ligadas às lojas de armas foram presas, elas eram cabeças do esquema em Juazeiro (BA), Petrolina (PE) e Arapiraca (AL). Eles vendiam fuzis, munições em nome de CACs, que não existiam, para inserção de informações falsas nos sistemas oficial de controle de armas.
Segundo a PF, as apurações indicaram que o armamento abastecia membros de facções locais e era usado para crimes "graves na região, principalmente homicídios". Segundo a polícia, as facções usavam o armamento adquirido também para roubos a carros fortes e até bancos.
Uma das lojas fechadas foi a Universo Militar, em Juazeiro (BA). Os donos foram presos, um deles, é dos Bombeiros.
Um dos alvos da operação, Diego do Carmo Santos, acusado de encomendar as armas do esquema, trocou tiros com os policiais, em Salvador, foi baleado e levado para o hospital.
Ao todo, foram cumpridos 20 mandados de prisão preventiva, 33 de busca e apreensão e executado o bloqueio de R$ 10 milhões dos alvos. Participaram da operação, 320 policiais da PF e dos grupos táticos da PM da Bahia, de Pernambuco e em Alagoas.
Fonte: Sbt News