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Irã faz ataque limitado a base dos EUA no Qatar, Trump agradece e pede fim da crise
Por Dulina Fernandes
Publicado em 23/06/2025 20:22
Geral

Foto: Isac Nobrega / PR

O Irã promoveu nesta segunda (23) a prometida retaliação pelo ataque americano contra três de suas instalações nucleares e lançou mísseis contra a maior base dos Estados Unidos no Oriente Médio, Al-Udeid, em Doha, no Qatar.

No lugar da temida escalada do conflito, contudo, o que se viu foi uma ação coreografada para que tanto Teerã quanto os EUA possam desescalar a crise. O presidente Donald Trump agradeceu ao Irã por ter avisado previamente que ia atacar, chamou a resposta de Teerã de "muito fraca" e instou negociações de paz.

Mais: Trump disse que Israel também deveria ir nesse caminho, sugerindo o fim das hostilidades iniciadas quando o Estado judeu bombardeou o Irã para incapacitar seu programa nuclear e suas forças militares, há 11 dias.

Teerã havia anunciado ataque ao aeródromo de Ain al-Asad, no Iraque, mas nada aconteceu. Antes da fala do americano, houve sinal de acomodação por parte do Irã. "Nós não agredimos ninguém, mas não vamos aceitar agressão de ninguém", disse o líder supremo do país, Ali Khamenei.

O fim do conflito interessa aos dois rivais. O Irã está tendo suas capacidades de defesa dizimadas. Trump busca driblar as críticas de sua base, que não aceitam intervenções estrangeiras dos EUA, e as pesquisas mostram que sua aprovação está em baixa.

Ele disse que "o importante que eles [iranianos] tiraram isso de seu sistema", o que facilitaria a paz. Ao mesmo tempo buscou reafirmar que seu ataque de sábado passado (21) "obliterou" o programa nuclear dos aiatolás.

Ao longo da tensa noite (tarde no Brasil), sinais do comedimento estavam no ar. As forças iranianas, em um comunicado, disseram que miravam apenas interesses americanos, longe de áreas residenciais, e que não têm interesse em nenhum estranhamento com Doha.

A pequena monarquia entrou e saiu de alerta máximo, assim como os vizinhos Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Kuwait, que fecharam por algumas horas seus espaços aéreos. Informados acerca dos 14 mísseis que viriam em seu caminho, os qataris fecharam seu espaço aéreo. Trump disse que 13 foram interceptados, sem especificar se só por Doha, e 1 foi deixado para cair sem danos.

O cenário proposto lembra uma repetição de 2020, quando Teerã atacou uma base americana no Iraque após Trump, em seu primeiro mandato, ter mandado matar o mais importante general iraniano, Qassim Suleimani, em Bagdá.

Agora, há o agravante de que o país persa está praticamente sem defesa aérea, após 11 dias de bombardeios israelenses. Resta agora ver se o Irã de fato irá parar por aqui, e se o Estado judeu também se dará por satisfeito apesar dos ataques a centros urbanos em Israel, a campanha é popular e deu sobrevida política ao premiê Binyamin Netanyahu.


Seja como for, a situação alarmou líderes mundiais. O presidente francês, Emmanuel Macron, exortou os países a voltar para a mesa de negociações sobre o programa nuclear iraniano, visando impedir Teerã de ter a bomba —motivo alegado por Israel para atacar. Segundo ele, é preciso evitar a "espiral do caos".

Al-Udeid fica a cerca de 350 km da costa do Irã, do outro lado do Golfo Pérsico. Essa exposição fez com que os EUA retirassem boa parte de seus aviões de caça e transporte de lá. Segundo imagens de satélite divulgadas na quinta (19), não havia mais aeronaves em seus pátios os americanos falam que nenhum míssil caiu lá.
Normalmente, Al-Udeid centraliza ações aéreas americanas no Oriente Médio e, usualmente, tem cerca de 10 mil militares estacionados. Ela também tem contingentes de outros aliados, como os britânicos. Os EUA têm cerca de 20 bases naquele canto do mundo, 8 delas consideradas fixas.

Doha, cidade de pouco mais de 1 milhão de habitantes e capital do país que há pouco mais de dois anos sediou a Copa do Mundo de futebol, relatou fortes explosões na periferia. O Qatar não tem histórico de conflitos armados e é uma das ilhas de riqueza da região, calcada no petróleo.

Não que as tensões regionais lhe sejam estranhas: em 2017, a Liga Árabe, liderada pela vizinha Arábia Saudita, cortou relações com o reino e impôs um bloqueio a seu espaço aéreo devido às percebidas ligações com o Irã e a acusação de apoio ao terrorismo. A restrições foram levantadas a tempo da Copa de 2018, e todos acabaram selando a paz em 2021.

Moradores de Doha relataram que o clima era de pânico nas ruas, com pessoas chorando e recebendo ligações sem parar. Mísseis interceptados pelo sistema de defesa antiaéreo podiam ser vistos em vários pontos da cidade. O choque dos projéteis emitiu luzes fortes nas vias, assustando os moradores. Shoppings como o City Center Mall foram fechados.

ALERTA NO IRAQUE NÃO FOI CONFIRMADO
Já na base no Iraque, o comando local informou que as defesas antiaéreas foram acionadas e o pessoal, levado a abrigos, mas nenhum ataque foi relatado oficialmente. Em 2020, ela já havia sido atacada pelo Irã, algo inédito então, no contexto da morte do general em Bagdá.

Ali, a situação é agravada pela presença de diversas milícias xiitas armadas pelo Irã no país, remanescentes do processo de fragmentação política depois que os EUA derrubaram a ditadura de Saddam Hussein, em 2003.

Mais cedo, Israel havia feito ataques pesados a centros ligados ao regime de Teerã, sinalizando buscar sua queda. Trump, por sua vez, havia dito que queria que o conflito terminasse após sua ação no sábado (21), o que foi rechaçado pelos aiatolás.

O americano havia advertido os iranianos a não retaliar contra alvos dos EUA na região, sob pena de um ataque ainda mais duro, escalando de forma incontrolável o conflito. Nesta segunda, o secretário de Estado, Marco Rubio, disse que o regime iraniano iria "se arrepender" se agisse. Como se viu, ficou por ora no discurso.

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