A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou uma operação para desarticular uma organização criminosa que aplicava golpes de extorsão em homens após enganá-los com perfis falsos em aplicativos de relacionamento. A força-tarefa Igarrassu, realizada em parceria com a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), foi coordenada pela 3ª Delegacia de Polícia, no Cruzeiro, e cumpriu 10 mandados de prisão e 14 de busca e apreensão no estado nordestino.
Segundo as investigações, os criminosos utilizavam falsos perfis de mulheres em plataformas como Tinder, Badoo e Happn para atrair vítimas no DF. Após conquistar a confiança dos alvos, conseguiam os números de telefone e apagavam os perfis.
Pouco depois, as vítimas começavam a receber mensagens de supostos integrantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), alegando que a mulher com quem haviam conversado era "companheira de um faccionado" e que, por isso, estariam com a "morte decretada" pelo chamado "tribunal do crime".
Com base nessas ameaças, os golpistas exigiam o pagamento de quantias por Pix para supostamente cancelar a ordem de execução. Os extorsionários utilizavam fotos de familiares, dados pessoais e informações sensíveis para aumentar o terror psicológico das vítimas.
Operação e prisões
A ação policial foi deflagrada nessa quarta-feira (6). Entre os presos, está uma servidora pública do município de Itapissuma (PE), identificada como integrante ativa da quadrilha. Além dela, outros envolvidos foram encontrados dentro do sistema prisional pernambucano, de onde as ameaças eram coordenadas.
O delegado-chefe da 3ª DP, Victor Dan, destacou que mais de 100 vítimas já foram localizadas em todo o Brasil e 30 apenas na capital federal, com prejuízo financeiro que ultrapassa R$ 100 mil. A investigação começou em fevereiro, após o registro de cinco ocorrências no Sudoeste, e se expandiu para outras regiões administrativas do DF e também para outros estados do país.
Como o grupo agia
O golpe era estruturado em etapas bem definidas:
Criação de perfis falsos com fotos de mulheres atraentes;
Conquista da vítima e obtenção de número de telefone;
Envio de mensagens ameaçadoras, alegando envolvimento do PCC;
Extorsão financeira com exigências de pagamento por Pix para "cancelar a sentença";
Além das ameaças físicas, algumas vítimas relataram que foram coagidas a enviar conteúdos íntimos, posteriormente usados como instrumento de chantagem.
Alerta e investigação
As polícias recomendam cautela no uso de aplicativos de relacionamento e alertam para golpes que envolvem ameaças ligadas a facções.
"Trata-se de uma quadrilha com atuação interestadual, com vítimas de diferentes regiões do país. As prisões são resultado de uma atuação coordenada para enfrentar esse tipo de crime digital", destacou o delegado.