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Estudo aponta como a atenção afetiva dos pais pode moldar o cérebro das crianças
Por Dulina Fernandes
Publicado em 23/10/2025 12:06
Brasil

Foto: Freepik

 

Pesquisa publicada na revista científica Ciência Latina pelo Pós-PhD em Neurociências Dr. Fabiano de Abreu Agrela, em parceria com o psicanalista Adriel Silva, relaciona a qualidade do cuidado parental a déficits neurológicos e sociais

Um estudo recente publicado na revista científica Ciência Latina trouxe novas evidências sobre como a atenção afetiva recebida na infância pode impactar profundamente o neurodesenvolvimento humano.

O trabalho foi realizado pelo Pós-PhD em Neurociências Dr. Fabiano de Abreu Agrela e pelo psicanalista Adriel Silva, que investigaram os mecanismos neurológicos associados ao que os autores chamam de “Síndrome Z”, um conjunto clínico que reúne alterações cognitivas, emocionais e sociais ligadas à falta de cuidado adequado na primeira infância.

De acordo com os pesquisadores, as descobertas foram possíveis por meio de técnicas avançadas de neuroimagem funcional (fMRI), permitindo observar de maneira objetiva como padrões emocionais e sociais se refletem diretamente no funcionamento cerebral.

O papel do cuidado parental

“Os biocomportamentos humanos são todos dependentes do componente neurológico e se desenvolvem em resposta à qualidade da atenção afetiva dos pais biológicos”, descreve o estudo.

Essa afirmação reforça a ideia de que os vínculos primários estabelecidos entre pais e filhos não têm apenas importância psicológica, mas também neurológica e biológica.

Quando há negligência, abuso ou ausência de estímulo afetivo consistente, a criança pode apresentar déficits na regulação emocional, dificuldades cognitivas, prejuízos nas relações interpessoais e até distorções na percepção de valores sociais e familiares.

Impactos de longo prazo

A pesquisa também chama atenção para a relação entre experiências adversas na infância (conhecidas como ACEs, da sigla em inglês Adverse Childhood Experiences) e o desenvolvimento de transtornos mentais e sociais na vida adulta.

Segundo o estudo, a presença de quatro ou mais dessas experiências (que incluem abuso físico, emocional, negligência e violência familiar) aumenta significativamente o risco de transtorno de estresse pós-traumático complexo, depressão, comportamentos de risco e até ciclos intergeracionais de trauma.

Ou seja, uma infância marcada por instabilidade emocional pode afetar não apenas o indivíduo, mas também as gerações seguintes, perpetuando padrões de adoecimento e disfunção familiar.

“Não há avaliação e muito menos intervenções de cuidados protetores para o neurodesenvolvimento infantil”, apontam os pesquisadores.

Para os pesquisadores, a infância é um terreno sensível, em que cada experiência (positiva ou negativa) deixa marcas profundas no cérebro em desenvolvimento. A ciência mostra que investir em cuidados afetivos e protetores não é apenas um gesto de amor, mas uma medida de saúde pública e de prevenção social.

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