Aliados de Lula e Bolsonaro fazem leituras diferentes do encontro com Trump Montagem com fotos de Ricardo Stuckert/PR - 25.10.2025, Daniel Torok/Casa Branca - 05.10.2025 e Gustavo Moreno/STF - 25.03.2025
Entenda como Lula e Trump superaram mal-estar e iniciaram aproximação
Durante a parte inicial da conversa, aberta à imprensa, Trump afirmou “sempre ter gostado” de Bolsonaro e disse que o ex-capitão “passou por muita coisa”.
Lula reagiu sorrindo, sem comentar. Segundo o Planalto, a questão não integrou a pauta do diálogo reservado, centrado em temas comerciais e econômicos.
Liderança e diplomacia
Entre os governistas, a narrativa girou em torno da imagem de Lula como estadista e defensor do diálogo. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que o encontro simboliza “a volta de um Brasil que fala de igual a igual com o mundo”.
Para ele, o presidente manteve “postura firme” ao cobrar o fim da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
As equipes dos dois governos começam a negociar imediatamente um novo acordo comercial, capaz de proteger os empregos e a indústria nacional. Lula age com pragmatismo e responsabilidade, buscando saídas concretas para revogar as sanções políticas e econômicas sem abrir mão da autodeterminação do Brasil”, declarou Lindbergh.
O senador Jaques Wagner (PT-BA) também elogiou o desempenho do presidente.
Lula mostrou ser um dos maiores estadistas do nosso tempo. Independente de quem esteja do outro lado da mesa, o Brasil e o nosso povo sempre estarão em primeiro lugar”, afirmou.
O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), adotou tom bem-humorado e disse que Trump teria se impressionado com o “carisma” de Lula.
“Tem coisa que nem a inteligência artificial consegue prever. Mas aconteceu: Lula e Trump lado a lado. Eu te entendo, Trump, é difícil resistir ao carisma do nosso presidente”, escreveu.
O presidente nacional do PT, Edinho Silva, defendeu que o Brasil mantenha protagonismo internacional com base no respeito e na soberania.
“O mundo precisa fortalecer os mecanismos do multilateralismo. É em mais diálogo e não em imposições que resolveremos os problemas do planeta”, destacou.
Na Esplanada, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, avaliou que o encontro marcou um novo momento entre Brasília e Washington. “E ganha, claro, Lula. Mostra-se ao mundo como negociador experiente, capaz de defender o Brasil sem bravata, sem submissão. A velha escola sindical ainda funciona: ouvir, dialogar, arrancar resultados”, disse.
Bolsonaristas falam em incômodo
Enquanto o campo governista celebrou o gesto diplomático, aliados de Jair Bolsonaro recorreram às redes sociais para sugerir que Lula teria se sentido desconfortável com as menções feitas por Trump ao ex-presidente.
Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi o primeiro a reagir: “Lula encontra Trump e na mesa um assunto que claramente incomoda o ex-presidiário: Bolsonaro. Imagine o que trataram a portas fechadas?”, escreveu.
O deputado Hélio Lopes (PL-RJ) também ironizou: “O corpo fala”. Já o deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) afirmou que Trump teria chamado Bolsonaro de “grande homem” diante de Lula — algo não registrado nas falas públicas.
“Na cara do Lula, Trump rasga elogios a Bolsonaro e chama-o de ‘grande homem’. Parece que a reunião não saiu como o Barbudinho esperava. A imprensa correu para dizer que ‘Bolsonaro era página virada para Trump’. A imprensa militante é um câncer”, disse.
‘Fiasco’
O deputado Evair de Melo (PP-ES) avaliou o encontro como um “fiasco”.
“Enfim, Lula resolveu agir como presidente de uma grande nação. Depois de quase dois anos bajulando ditadores, atacando o agro e isolando o Brasil, finalmente sentou à mesa com Donald Trump. Mas o resultado? Nenhum. Nenhum acordo, nenhuma proposta, nada de concreto — uma foto pra inglês ver”, publicou.
Bibo Nunes (PL-RS) também comentou, afirmando que Trump busca afastar o Brasil da China. “Trump negocia a economia com o desgovernante Lula, mas jamais cederá um milímetro na pauta política, onde a ideologia e atitudes de Lula com seus asseclas são inaceitáveis”, declarou.
Eduardo Bolsonaro ainda sugeriu “empatia” entre Trump e o pai. “A capacidade de Donald Trump de se colocar no lugar de Jair Bolsonaro e imaginar que, quando sair da presidência, Lula e sua equipe apoiarão a lawfare que certamente Trump sofrerá”, afirmou.
O parlamentar criticou o tempo dedicado à crise envolvendo os Estados Unidos e a Venezuela. “Lula gastou os poucos minutos com o 01 da economia mundial para tratar da situação na região e não se preocupou em falar sobre Bolsonaro”,