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Juiz arquiva inquérito da morte de Firmino Filho e libera depoimentos
Polícia
Publicado em 01/07/2021

O juiz da Central de Inquéritos de Teresina, Valdemir Ferreira Santos, determinou o arquivamento do inquérito que investigou a morte do ex-prefeito de Teresina, Firmino Filho. 

No dia 6 de abril deste ano, Firmino Filho foi encontrado morto em frente ao edifício Manhattan River Center, na zona Leste de Teresina. Ele caiu do 14º andar, onde funciona o Tribunal de Contas da União (TCU), local que trabalhava como auditor de controle externo do Tribunal.

De acordo com o magistrado, o arquivamento se deve em razão da ausência de tipicidade penal.

O inquérito, presidido pelo delegado Divanilson Sena, estava sob sigilo e a população não tinha acesso ao processo. A viúva de Firmino Filho, a deputada estadual, Lucy Soares, não concordou com a não divulgação dos fatos e pediu a quebra do sigilo. 

No processo, há depoimentos de pessoas que tiveram contato com o ex-prefeito antes de sua morte. Um dos mais importantes é de uma funcionária do TCU (Tribunal de Contas da União) que relatou que Firmino Filho pediu licença médica e que estava com depressão. 

Leia trechos de depoimentos: 

“Consta importante depoimento da atual chefe de Firmino Filho, que reside em Brasília-DF, ANA LÚCIA EPAMINONDAS no qual depôs que FIRMINO relatou a dificuldade de retorno ao trabalho e confessou que estaria em depressão, fazendo uso de medicamentos que atrapalham sua memória, não conseguindo realizar as atividades de forma satisfatória. Em determinado momento da conversa, a vítima diz que retornou ao trabalho por indicação médica para ocupar a mente com outras atividades, mas que não estava conseguindo acompanhar e iria solicitar uma licença médica pois estava muito mal e enfatizou outras vezes que “estava mal”. O suicídio ocorreu três dias após a conversa. (fala de Ana Lúcia Epaminondas)

Depoimento do copeiro do TCU: 

“Por volta das 15h10, o depoente afirmou que foi até a salinha de reunião realizar a limpeza, tendo visto Firmino Filho em pé na varandinha da salinha de reunião. O ex-prefeito estava mexendo no celular, como se estivesse lendo algo. O depoente, ao ver a vítima, perguntou "posso entrar? Vou só limpar aqui, é rapidinho", tendo o ex-prefeito sorrido e dito "pode entrar". O depoente então limpou a mesa da salinha de reunião em pouco tempo, aproximadamente dois minutos. O depoente ainda indagou ao ex-prefeito, "olhando para o tempo?", e FIRMINO respondeu "só tomando um vento". O depoente não notou nada de diferente na vítima, pois não estava chorando, estava normal, sem qualquer alteração de humor. Nesse momento, o copeiro afirmou que não havia mais ninguém na salinha de reunião nem na varanda neste momento, que FIRMINO FILHO estava sozinho, o tempo todo olhando o celular. O funcionário afirmou que não achou estranho a vítima estar ali, pois muitos servidores vão à varanda, tirar fotos, e que jamais imaginou que o ex-prefeito iria se jogar. Até que, por volta das 15h40, estava no banheiro, quando escutou um grito de outra colega, tendo saído e perguntado "o que foi? o que foi"?", e ela  havia respondido, desesperada, "o Dr. FIRMINO caiu!". 

 

Depoimento de Lucy Soares, viúva de Firmino Filho;

“A depoente estava em sua residência, quando recebeu uma ligação de uma amiga que foi à sua casa dar a notícia do que havia acontecido com Firmino Filho, momento em que ficaram aguardando mais informações. Nesse momento, a depoente ligou para seu genro BRENO e para seus filhos BARBARA e BRUNO, pedindo que fossem à casa da depoente. No dia 06/04/2021, por volta das 8h10, FIRMINO, após ter dormido sozinho na casa de onde o casal planejava se mudar, apareceu no apartamento para o qual estavam se mudando para tomar café. FIRMINO já chegou ao apartamento arrumado para ir ao trabalho no TCU. Perguntada se havia constatado algo de anormal com FIRMINO, a depoente afirmou que, desde fevereiro deste ano, notou que a vítima estava muito triste, muito calada, olhando perdido para o tempo. Quando perguntava para o ex-prefeito o que ele tinha, ele apenas dizia que estava triste, momento em que a depoente tentava animá-lo. Acerca do motivo da tristeza, FIRMINO não dizia especificamente o motivo, mas a depoente acreditava ser a saída da prefeitura, após muito trabalho durante a pandemia, e a nova rotina de trabalho no TCU, bem como o agravamento da pandemia. 

Ainda, a depoente afirmou que não havia qualquer problema no casamento. Por fim, a viúva afirmou que tem certeza que a vítima cometeu suicídio, não havendo necessidade de analisar dados do celular e expor conteúdos de conversas privadas entre ela e seu ex-marido, e que não acredita que alguém tenha induzido, instigado ou auxiliado o prefeito a cometer suicídio”. 

 

O inquérito detalha que que câmeras de segurança do edifício mostraram que Firmino Filho – no dia 6 de abril - chegou sozinho, saiu no horário do almoço e também retornou sozinho.

“Consta Laudo de Exame Pericial em Local de Crime, que, após detalhado estudo, não apontou a existência de outra pessoa ou mesmo de um embate físico travado pela vítima, periciando que a causa morte foi realmente suicídio, além de descrever a provável dinâmica do fato e momento que a vítima se arremessa contra o solo”, diz o inquérito. 

O laudo cadavérico concluiu morte causada por politraumatismo.

 

Flash Yala Sena
yalasena@cidadeverde.com

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