Maquete do Delta do Parnaíba. Foto: F.S.Santos-Filho
Em agosto passado estivemos durante um final de semana revendo o Mar e as praias do menor e melhor (o melhor é por minha conta!) litoral do Brasil. Entre dias sossegados na praia do Coqueiro resolvemos visitar um novo empreendimento do Governo do Piauí, inaugurado recentemente no Porto das Barcas, chamado de Museu do Mar.
O Museu do Mar “Seu João Claudino” foi inaugurado no mês de julho e envolveu recursos para revitalização da área e instalação da estrutura um montante do R$ 10 milhões (li isso na página do Governo do Piauí - https://www.pi.gov.br/noticias/museu-do-mar-e-inaugurado-em-parnaiba/). O museu é dividido em setores com uma coleção de apetrechos dos profissionais que tiram sua sobrevivência dos recursos do mar, como os diferentes tipos de pescadores, coletores de crustáceos, marisqueiros e demais atores que compõem o ambiente de exploração sustentável dos recursos.
Exemplares da fauna do Delta do Parnaíba. Foto: F.S.Santos-Filho.
Em outro setor o visitante se depara com a riqueza da flora e da fauna do Delta do Parnaíba com exemplares de esqueletos de grandes mamíferos marinhos como peixe-boi, golfinho e uma baleia, além de um conjunto de imagens (fotografias) de plantas e outros animais da região. Mais a frente uma imensa maquete do Delta do Parnaíba com representação das cidades e dos lugarejos, dando ao visitante uma noção do quão vasta é a Área de Preservação Ambiental (APA) do Delta do Parnaíba.
Arquitetura das embarcações, com todas as peças identificadas. Foto: F.S. Santos-Filho.
O espaço guarda ainda uma coleção de apetrechos de embarcações e pequenos barcos desmontados nos quais o visitante aprende um pouco sobre a arquitetura das embarcações comuns que navegam pelas artérias fluviais do Delta e pelo mar. Chamou muito minha atenção o cuidado com o qual os organizadores dispuseram os ambientes, tudo de muito bom gosto.
Aspectos da religiosidade local também retratados no Museu. Foto: F.S.Santos-Filho
Senti falta apenas de um locus onde as pessoas que estudam a biodiversidade do mar e dos ambientes marinhos estivessem representados. No momento que o visitante se depara com informações científicas sobre os ambientes costeiros, ou sobre algum detalhe das algas, plantas e animais da região, não passa pela cabeça do mesmo que boa parte daquilo foi estudado por alguém, que entendeu sua composição (grupos taxonômicos de algas, plantas e animais), desvendou a ecologia do lugar, ou desenvolveu técnicas de manejo e conservação das características naturais daquele ambiente, que pelos últimos 20 anos, foi sendo escarafunchado por pesquisadores das mais diferentes áreas.
Mamíferos marinhos retratados. Foto: F.S.Santos-Filho.
Seria muito bom, além de homenagear as pessoas que tiram sua sobrevivência dos recursos do mar (considero bastante justa e ajuda a criar uma consciência coletiva de que devemos preservar os ambientes marinhos porque pessoas tiram sua sobrevivência dali), o Museu conseguisse mostrar para população as pessoas que estão por trás de tantas descobertas. Sou integralmente contra às homenagens post-mortem. Devem ser honradas e homenageadas as pessoas enquanto vivas. Neste particular gostaria de destacar pesquisadores como Anderson Guzzi, Jesus Lemos, Ivanilza Andrade, Maura Mendes, Gardênia Batista, Felipe Melo, Bruno Annunziata e muitos outros que estudam e orientam trabalhos que ajudam a esclarecer sobre o ambiente, sua fauna, sua flora e suas interrelações. Isso ajudaria, inclusive, a mostrar pros jovens que ainda existem muitas lacunas a serem preenchidas e muitas coisas a serem descobertas.
Na sua próxima ida ao litoral visite o Museu do Mar. É educativo e ajuda na valorização dos recursos do mar e da região do litoral do Piauí.
Até o próximo post...