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Governo cria grupo e alerta estados sobre varíola dos macacos
Geral
Publicado em 23/05/2022

OMS/ Centro de Controle de Doenças da Nigéria

 

O governo federal montou um grupo de especialistas e emitiu um alerta aos estados diante dos novos casos de varíola dos macacos no mundo. O Brasil, até o momento, não registra casos suspeitos da doença.

Nesta sexta-feira (20), a Alemanha disse que o primeiro caso confirmado no país é o de um brasileiro de 26 anos, que esteve em Portugal e na Espanha. O homem está em isolamento na cidade de Munique.

O Ministério da Saúde afirmou em nota que acompanha o caso e já solicitou informações adicionais à OMS (Organização Mundial da Saúde) e ao Ministério da Saúde da Alemanha. O Itamaraty também foi procurado pela reportagem, mas não respondeu.

Uma "comunicação de risco" emitida nesta quinta-feira (19) pelo Ministério da Saúde traz orientações para os profissionais de saúde sobre o diagnóstico e a notificação da doença. Entre outros pontos, o documento alerta para o risco de contágio entre pessoas com mais de um parceiro sexual.

"Os serviços de saúde devem tomar medidas para aumentar a conscientização sobre a potencial disseminação da varíola em comunidades de indivíduos que fazem sexo casual ou que têm múltiplos parceiros sexuais", diz o comunicado.

Casos suspeitos, segundo a pasta, devem ser isolados, testados e notificados imediatamente. Os profissionais de saúde também devem iniciar o rastreamento de contatos "assim que tiver a suspeita de um caso".

A divulgação de comunicações de risco pela chamada rede Cievs (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde) é de praxe quando há a necessidade de alerta e de resposta em todo o país.

O Ministério da Ciência e Tecnologia instituiu uma câmara técnica temporária com sete especialistas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e da Universidade Feevale.

O grupo, segundo a pasta, atuará de forma consultiva, aos moldes do comitê de especialistas criado em fevereiro de 2020 para acompanhar o avanço do coronavírus.

Um dos integrantes é o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Flávio Fonseca, professor da UFMG.

"No caso do brasileiro, está muito claro que ele adquiriu a doença fora do Brasil. O fato de ele ser brasileiro não altera nossa percepção. Claro que ele vai ter que ser acompanhado, se voltar ao Brasil", afirma Fonseca.

"O número de casos é muito grande para uma doença considerada extremamente rara. Isso nunca havia acontecido. O que está acontecendo agora é absolutamente fora dos padrões imagináveis. É um surto explosivo, rápido e multicêntrico. Estamos bastante preocupados", continua.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, existem cerca de 80 casos confirmados e 50 em investigação em 11 países.

"A gente ainda está tentando entender a dinâmica de transmissão [da varíola dos macacos]. Como está se disseminando tão rapidamente? Isso já estava acontecendo silenciosamente e, de repente, passou a ser percebido agora? É um vírus da família da varíola. Potencial para se disseminar ele tem", afirma o virologista.

Os pesquisadores produziram dois relatórios técnicos sobre a doença, com informações sobre as principais formas de contágio e os casos registrados em outros países.

O informe explica que a transmissão do monkeypox vírus ocorre após contato com animais infectados. Entre seres humanos, o vírus pode ser transmitido após contato direto com lesões ou secreções corporais, como urina e saliva.

"Atualmente, não há tratamento específico recomendado para a varíola dos macacos. A vacinação prévia contra a varíola na infância pode resultar em um curso mais leve da doença. No entanto, atualmente no Brasil e em outros lugares do mundo, as vacinas originais contra a varíola não estão mais disponíveis para o público em geral", afirma o documento.

Em nota, o Ministério da Saúde disse que "enviou aos estados as informações disponíveis sobre a doença até o momento, buscando orientar os profissionais de saúde".

"A varíola dos macacos é uma doença viral endêmica no continente Africano e que, até o momento, não há notificação de óbitos entre os casos detectados em países não endêmicos", afirma a pasta.

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