Um grupo de Organizações Não Governamentais (ONGs) de proteção animal e o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (Fórum Animal) ajuizaram uma ação cobrando retratação pública e pagamento de multa de R$ 1 milhão por parte da CBF por causa da forma como Vinicius Rodrigues, assessor da entidade, retirou um gato da bancada enquanto o atacante Vinicius Junior concedia entrevista coletiva durante a Copa do Mundo do Qatar.
Segundo os reclamantes, o assessor "retirou o animal de forma violenta e o arremessou ao chão". O episódio aconteceu no último dia 7, antes da seleção brasileira ser derrotada pela Croácia nas quartas de final e dar adeus ao Mundial.
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) afirmou a reportagem que viu um trato comum do assessor da CBF com o animal. No entanto, a reportagem conversou com Ana Paula de Vasconcelos, diretora jurídica do Fórum Animal, que garantiu que outros profissionais apontaram manejo indevido com o gato.
"Todas as questões de direitos dos animais, eu fico muito atenta e, de alguma forma, tento entender o contexto e vejo o que podemos melhorar na relação entre humano e animal. A CRMV-SP disse que não houve maus tratos, mas eu discordo do ponto de vista jurídico e do veterinário. Ouvi vários veterinários e eles afirmaram que há, sim, um manejo indevido com o animal por conta das terminações nervosas, que não foi da forma adequada", afirmou.
Além da retratação pública e do valor em dinheiro, Ana solicitou na ação que todos os profissionais da CBF passem por um curso ambiental e animal para que esse tipo de episódio não aconteça mais.
A advogada alega que a ação tem recebido críticas de algumas pessoas por julgarem que é uma forma de ganhar dinheiro fácil. Mas Ana explica que se a CBF tiver de pagar a indenização, as ONGs e o Fórum Animal não receberão o dinheiro.
"Queremos deixar claro que já ouvimos críticas sobre estarmos querendo dinheiro. É uma inverdade e uma ignorância de quem fala isso. Caso haja a condenação contra a CBF, esse dinheiro não virá para as ONGs. Vai para um fundo que visa o bem da coletividade, que apoia o meio ambiente, por exemplo. Ele será gerido pelo Ministério Público, e não por nós", disse.
A repercussão do caso foi negativa nas redes sociais e gerou debates. Ana aponta falta de respeito de Vinicius Rodrigues com o animal, e acredita que a CBF já deveria ter se posicionado de forma natural por influenciar tantas pessoas.
"Seria muito melhor se ele tivesse dado um exemplo positivo ou tratasse o gato com mais respeito. Aquilo foi um reflexo da sociedade atual, precisamos passar isso para todo mundo. Se ele faz isso na frente de todas as câmeras, imagina o que pode fazer por trás delas. Vai além de ser adequado ou não, é o trato. A CBF influencia tanta gente, tantos jovens e adolescentes, que (eles) poderiam dar um exemplo positivo", concluiu.
As ONGs e o Fórum Animal aguardam a avaliação do pedido de antecipação de tutela por um juiz —que pode ou não dar sequência à ação. Somente depois disso, a CBF teria de apresentar sua defesa.
O UOL Esporte entrou em contato com a CBF, que alegou não ter conhecimento do assunto.
Fonte: Folhapress