Dependendo de como bate a luz, o furta-cor pode revelar tons de azul, verde, rosa e inúmeras outras cores, geralmente mescladas. Assim também é a maternidade, nem sempre um paraíso, muito menos um padecimento eterno. Por isso, o furta-cor foi escolhido como símbolo de uma campanha que quer aproveitar o mês de maio para falar sobre os impactos de todas essas nuances sobre a saúde mental das mães. As organizadoras do Maio Furta-Cor enfatizam que grande parte do sofrimento materno está relacionado com a sobrecarga de trabalho. E não é à toa. De acordo com o IBGE, as mulheres dedicam cerca de 10 horas a mais por semana nas atividades de cuidado da casa e de outras pessoas, incluindo os filhos. A psicóloga Nathália Lopes, especializada em atendimento Perinatal, ou seja, voltado para gestantes ou mães de bebês, explica que o movimento foi criado em 2020, porque o isolamento da pandemia de covid-19 intensificou essas desigualdades. E essas situações costumam vir com carga dobrada para as mães de crianças atípicas, com alguma deficiência física ou intelectual, ou outra condição de saúde. A confeiteira Mariana da Silva Macedo é mãe de um menino típico de cinco anos e de uma menina de três com microcefalia e conta que precisou de algum tempo, e da ajuda de uma terapeuta e de um grupo de mães, para conseguir fazer as pazes com a sua realidade. E somente quando ela entendeu que precisava dar prioridade a si mesma, começou a sentir menos o peso de todas as coisas que precisa fazer em prol dos filhos Mas também é preciso atenção com algumas situações que podem abater até mesmo quem pilota a maternidade em um céu de brigadeiro. Grande parte das pessoas vivencia o chamado baby blues após o parto, provocado pelas mudanças hormonais, e caracterizado pela tristeza e fragilidade emocional. Mas, sintomas mais duradouros ou intensos, precisam ser investigados já que a depressão pós parto acomete cerca de 25% da população e precisa de tratamento.
Edição: Raquel Mariano / Alessandra Esteves