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BC reduz taxa básica de juros a 12,25%, menor nível em um ano e meio
Economia & Finanças
Publicado em 01/11/2023

Campos Neto (à esq.) com os integrantes do Copom

RAPHAEL RIBEIRO/BCB-

 

 

Selic teve corte de 0,5 ponto pela terceira vez seguida desde agosto; previsão é que os juros fechem o ano em 11,75%

Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), decidiu nesta quarta-feira (1º) reduzir em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros pela terceira vez consecutiva desde agosto. Com isso, a Selic passa de 12,75% para 12,25% ao ano, o menor patamar desde março de 2022 (11,75% ao ano).

Após a terceira baixa do ciclo, o mercado ainda prevê um novo recuo de igual magnitude em dezembro, movimento que, se confirmado, levará a Selic a 11,75% ao ano na entrada de 2024.

"Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 12,25% ao ano, e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025", afirmou o Copom, em comunicado, após reunião.

O comitê sinaliza que manterá o ritmo de corte dos juros básicos. "Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", acrescentou o texto.

Votaram pela redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Gabriel Muricca Galípolo, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes.

Para Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, um dos destaques do comunicado é sobre a necessidade do cumprimento das metas fiscais já estabelecidas pelo governo para a continuação do ciclo de queda de juros.

"A ideia que passa é que o governo precisa ficar comprometido com essa questão do déficit zero. Caso os compromissos fiscais não sejam cumpridos da forma como planejado, o BC pode precisar rever a rota", afirma Moura.

Para os próximos anos, o mercado financeiro espera a manutenção do movimento de corte dos juros. As previsões mais recentes, no entanto, estimam que o ciclo de queda da taxa básica de juros será menos intenso, com a chegada da Selic a 9,25% ao ano em 2024 e 8,75% ao ano em 2026.

 

ARTE/R7

A Selic é o principal instrumento de política monetária do país no combate à inflação e pode afetar empréstimos e aplicações. Em outubro, a prévia da inflação oficial do Brasil desacelerou e avançou 0,21%, ante alta de 0,35% apurada no mês anterior, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Com a variação, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) agora acumula alta de 5,05% nos últimos 12 meses e continua acima do teto da meta perseguida pelo governo, de 4,75%. No ano, a variação da inflação é de 3,96%.

Entenda a Selic

A taxa básica de juros é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. A Selic é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.

Em linhas gerais, é a taxa Selic que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo a empresas e consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.

A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam alternativas de investimento.

Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando os juros básicos são reduzidos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.

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