Conhecido e apreciado por todo o mundo, chamado de “ouro azul”, o peixe atum, pescado no litoral do Piauí, 90% da carga é levada para o Ceará. A constatação é de um diagnóstico feito pela direção do Porto Piauí sobre a viabilidade econômica do investimento para a região.
Pelo levantamento, 180 toneladas por mês de atum e lagostas são entregues para a comercialização do produto no Ceará ou para serem degustados pelos cearenses e turistas que passeiam pelo estado vizinho.
A presidente do Porto Piauí, Maria Cristina de Araújo, informou que boa parte do pescado do Piauí não chega nem a ser desembarcado em Luis Correia.
“Os pescadores vão para o mar e fazem sua pesca, principalmente aquela que demanda maior quantidade de dias, como o atum, e vão para áreas mais afastadas e de lá já descem para o Ceará. Então, o pescado fica contabilizado como do Ceará e não do Piauí. Isso é um grande problema porque parece que não temos pescado. Pra ter ideia só o atum a gente verificou que 90% de todo o atum que é pescado no litoral do Piauí vai para o Ceará. A lagosta de boa qualidade vai para o Ceará”, disse Maria Cristina.
Monitoramento da pesca
Para um melhor monitoramento da pesca e dos estoques pesqueiros, a Investe Piauí fez parceria com a Ufdpar (Universidade Federal do Delta do Parnaíba) para a verificação dos pescados no Porto.
“O plano de negócio demonstrou total viabilidade para o pescado do Piauí. Estamos na porta de entrada do Delta do Piauí e as margens do rio Igaraçu e o Delta é um berçário de espécie com enorme riqueza de biodiversidade”, disse a presidente do Porto.
Pesca sustentável
O professor do curso de engenharia da pesca da Ufdpar, César Fernandes, destacou a importância da pesca sustentável e que a contribuição do Porto é para a tomada de decisões com dados técnicos e científicos.
“A gente precisa pescar de maneira mais sustentável. Hoje sabe-se em todo mundo que os estoques têm uma capacidade limite, uma capacidade de suporte de tempo, de vida, de recuperação e a ciência é precisa e permite ajustar esse uso de maneira sustentável sem causar desequilíbrio, permitindo o desenvolvimento econômico, social, gerando emprego e renda”.
César ressaltou que o atum é uma espécie em ascensão pelo valor agregado. “Tem se desenvolvido não só o segmento de enlatamento do atum, mas o de sushi, sashimi, o brasileiro está passando a consumir mais esse tipo de produto, e aumenta o interesse dos empresários da pesca, dos armadores, dos pescadores em função dessa viabilidade econômica. O atum é o ouro azul é a espécie de maior interesse e de maior projeção econômica”.
Ele ressaltou ainda que desenvolvimento da cadeia do atum impacta em todas a rede de pescado como a lagosta, pargo e outros.
A previsão é de 5 mil toneladas por ano de pescados e frutos do mar, incluindo caranguejos, ostras e outras pescarias artesanal e industrial, segundo a estatística do Ministério da Pesca.