Em entrevista ao Jornal do Piauí nesta sexta-feira (12), o delegado Humberto Mácola, coordenador da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), detalhou a atuação da quadrilha presa por aplicar o golpe do “falso parente” no Piauí.
Entre as vítimas está um médico, que sofreu um prejuízo de quase R$ 24 mil.
A autoridade policial explica que o golpe do “falso parente” ocorre por meio das redes sociais. De posse de imagens captadas na internet e informações pessoais da vítima, o grupo aborda familiares se passando por outra pessoa. Eles iniciam uma conversa, relatam algum problema para justificar o número diferente de contato e pedem uma transferência de valores.
“Nesse caso específico [do médico alvo da quadrilha], o criminoso pediu para que o pai fizesse uma transferência bancária para uma pessoa com quem estava tendo uma negociação, pois estava prestes a entrar na sala de cirurgia e não poderia fazer aquela transferência. O pai acreditando que estava conversando com o filho, fez transferências de alto valor”, relatou o delegado.
As oito pessoas presas por equipes da Polícia Civil do Piauí (PC-PI) nas cidades de Timon, no Maranhão, Goiânia, Senador Canedo e Aparecida de Goiânia, no estado de Goiás, foram indiciadas e devem responder pelo crime.
É um golpe que tem abrangência e alcance. A pessoa em qualquer estado da federação pode aplicar um golpe aqui em Teresina”, ressaltou Mácola.
Participação de laranjas
O coordenador do DRCI destaca que esse tipo de golpe costuma usar “laranjas” com o intuito de criar “camadas de transferências” e dificultar a identificação do líder do esquema, responsável por contactar “recrutadores” que conseguiam contas bancárias usadas no crime. Após uma série de transferências, o valor era sacado em uma casa lotérica.
“Os recrutadores conseguiram contas bancárias de várias pessoas, que emprestavam suas contas bancárias, e ao receber, faziam transferências para outras pessoas. Chamamos de camadas de transferências. Ao final, faziam o saque em uma loteria para repassar esse valor ao líder, acreditando que não poderiam ser rastreados”, disse o delegado.
Ainda não se descarta a possibilidade de indiciamento das pessoas que emprestaram suas contas bancárias aos golpistas. “Temos percebido que existe um verdadeiro empréstimo bizarro, nas redes sociais, dessas contas. Algumas merecem o indiciamento, por saberem e terem conhecimento, e outras por não terem tido um certo cuidado e zelo”, pontuou Mácola.
Como reaver os valores
Apesar do transtorno, o delegado Humberto Mácola lembra que as vítimas desse tipo de golpe podem reaver, parcial ou integralmente, os valores subtraídos pelos criminosos.
“O primeiro caminho é o criminal, no qual a gente foca nos criminosos. Esses personagens tiveram o bloqueio das suas contas efetivados e, se porventura esses valores consigam abarcar e satisfazer o prejuízo, a vítima receberá isso por meio criminal. E tem o meio cível, a vítima pode contratar um advogado e entrar com uma ação por danos morais e materiais, seja para entidade bancária ou os próprios criminosos, para ter o dinheiro reavido”, concluiu.
Fonte: Cidade Verde