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Até onde as IAs estão chegando? Uma Revolução nos laboratórios de Proteômica
Por Dulina Fernandes
Publicado em 13/04/2025 11:06
Tecnologia

Há muito já se sabe dos poderes das Inteligências Artificiais (IAs) e o quanto elas já interferem nas nossas vidas e impactam em vários campos do conhecimento humano. Nos últimos anos, a biologia molecular testemunhou uma transformação sem precedentes com a incorporação da inteligência artificial (IA) no estudo das proteínas. Ferramentas como o AlphaFold, desenvolvido pela DeepMind, têm revolucionado a forma como compreendemos a estrutura e a função das proteínas, abrindo novas fronteiras na pesquisa biomédica e no desenvolvimento de terapias.

As proteínas são macromoléculas essenciais para a vida, desempenhando funções que vão desde a catálise de reações bioquímicas até a estruturação de células e tecidos. Sua funcionalidade está intrinsecamente ligada à sua estrutura tridimensional, que é determinada pela sequência de aminoácidos. No entanto, prever como uma cadeia linear de aminoácidos se dobra em uma estrutura funcional sempre foi um dos maiores desafios da biologia, conhecido como o "problema do dobramento de proteínas".

 

Foto: Dalle/ChatGpt

Tradicionalmente, métodos experimentais como cristalografia de raios X e espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN) eram utilizados para determinar essas estruturas. Embora precisos, esses métodos são laboriosos, caros e demorados, limitando a velocidade com que novas estruturas podem ser elucidada.

Em 2020, a DeepMind apresentou o AlphaFold 2, uma ferramenta baseada em IA capaz de prever estruturas proteicas com precisão comparável aos métodos experimentais. Utilizando redes neurais profundas e treinado com dados de mais de 170.000 proteínas do Protein Data Bank, o AlphaFold 2 alcançou uma pontuação superior a 90 no teste global de distância (GDT) para aproximadamente dois terços das proteínas avaliadas, indicando uma correspondência quase perfeita com as estruturas determinadas experimentalmente.

Em 2024, foi lançado o AlphaFold 3, que ampliou ainda mais as capacidades da ferramenta. Além de prever estruturas de proteínas isoladas, o AlphaFold 3 pode modelar complexos entre proteínas e outras moléculas, como DNA, RNA, ligantes e íons. Essa versão introduziu o "Pairformer", uma arquitetura de aprendizado profundo que, combinada com modelos de difusão, permite uma representação tridimensional precisa de interações biomoleculares.

O impacto do AlphaFold na ciência foi amplamente reconhecido. Em 2024, Demis Hassabis e John Jumper, da DeepMind, juntamente com David Baker, da Universidade de Washington, receberam o Prêmio Nobel de Química por suas contribuições no uso da IA para prever e projetar estruturas proteicas. Esse reconhecimento destaca a importância da IA na aceleração da descoberta científica e no desenvolvimento de novas terapias.

A capacidade de prever estruturas proteicas com alta precisão tem implicações profundas para a medicina e a biotecnologia. Na medicina, isso pode acelerar o desenvolvimento de medicamentos, permitindo a identificação de alvos terapêuticos e a modelagem de interações entre fármacos e proteínas. Na biotecnologia, facilita o design de enzimas e outras proteínas com funções específicas, potencializando aplicações em áreas como agricultura, indústria e meio ambiente.

Apesar dos avanços, ainda existem desafios a serem superados. Um deles é a limitação de dados disponíveis para treinar modelos de IA, especialmente estruturas de proteínas complexas que estão sob propriedade de empresas farmacêuticas e não são acessíveis ao público acadêmico. Além disso, questões éticas relacionadas ao uso de dados genéticos e à privacidade precisam ser cuidadosamente consideradas.

No futuro, espera-se que a integração de IA com outras tecnologias, como a genômica e a proteômica, leve à criação de "células virtuais" que possam simular processos biológicos em tempo real, revolucionando a pesquisa biomédica e a medicina personalizada.

A incorporação da inteligência artificial no estudo das proteínas representa uma revolução na biologia molecular, oferecendo ferramentas poderosas para desvendar os mistérios da vida em nível molecular. Com o contínuo avanço dessas tecnologias e a superação dos desafios atuais, estamos à beira de uma nova era na ciência, onde a compreensão e manipulação das proteínas serão mais rápidas, precisas e acessíveis do que nunca.

Até o próximo post...

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