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Os preços do petróleo tiveram uma alta expressiva de mais de 5% nesta quinta-feira (23), após o anúncio de sanções dos Estados Unidos às duas maiores petrolíferas russas, Rosneft e Lukoil, que poderiam limitar a oferta no mercado.
Os futuros do petróleo Brent, referência mundial, subiam 4,65% por volta das 9h25 (horário de Brasília), para US$ 65,53 (R$ 352,97), enquanto o petróleo WTI (West Texas Intermediate), usado nos EUA, avançava 5%, para US$ 61,49 (R$ 331,21).
Às 6h20, o preço do barril de Brent chegou a subir 5,05%, a US$ 65,75 (R$ 354,16).
Na Ásia, os preços do petróleo subiram quase 3% nesta quinta-feira. Na quarta-feira (22), os preços já haviam subido 4% depois do anúncio da sanção.
Trump anunciou as punições depois de declarar que as conversas com seu homólogo russo, Vladimir Putin, para acabar com a guerra na Ucrânia "não levam a lugar nenhum".
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, pediu aos aliados dos Estados Unidos que se unam às sanções.
A Rússia criticou a decisão de Trump e avaliou que a medida é contraproducente, enquanto a linha-dura do país a chamou de "declaração de guerra".
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, afirmou que as sanções são "extremamente contraproducentes" e repetem o padrão da gestão de Joe Biden, antecessor de Trump, que para ela fracassaram.
A linha-dura russa não foi tão diplomática. Seu expoente público mais vocal, o ex-presidente Dmitri Medvedev, afirmou que "as decisões tomadas são um ato de guerra contra a Rússia, e agora Trump se alinhou totalmente com a Europa maluca", em referência à posição mais dura de líderes continentais ante Moscou.
O Reino Unido já havia sancionado a Rosneft e a Lukoil na semana passada. Os países da UE aprovaram um 19º pacote de sanções contra a Rússia, que inclui a proibição das importações de GNL russo.
O impacto das sanções sobre os mercados de petróleo dependerá da reação da Índia e do fato de a Rússia encontrar compradores alternativos, avaliou Giovanni Staunovo, analista do UBS.
A Índia se tornou o maior comprador de petróleo bruto russo transportado por via marítima com desconto após a guerra de Moscou na Ucrânia.
É provável que as refinarias indianas reduzam drasticamente as importações de petróleo russo devido às novas sanções, disseram fontes do setor na quinta-feira.
A empresa privada Reliance Industries, a principal compradora indiana de petróleo bruto russo, planeja reduzir ou interromper completamente essas importações, de acordo com duas fontes familiarizadas com o assunto.
Mas ainda há certo ceticismo no mercado sobre se as sanções dos EUA resultariam em uma mudança fundamental na oferta e na demanda.
"Até agora, quase todas as sanções contra a Rússia nos últimos três anos e meio não conseguiram afetar os volumes produzidos pelo país ou as receitas do petróleo", disse Claudio Galimberti, analista da Rystad Energy.