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Fazer exercícios ou atividades de relaxamento traz diversos benefícios para a saúde e o bem-estar, mas quem possui o diagnóstico de Glaucoma deve ficar atento na hora de escolher o que praticar. A doença está relacionada com o aumento da pressão intraocular e algumas modalidades que exigem força física ou em que é preciso prender a respiração, podem agravar a condição.
O Dr. Michel Bittencourt, médico oftalmologista, explica que “no Crossfit, por exemplo, a combinação de exercícios de alta intensidade, que incluem levantamento de peso e agachamentos, pode elevar temporariamente a pressão dentro dos olhos. O mesmo risco pode ocorrer com alguns exercícios da musculação ou com a Yoga, por causa das posições invertidas que deixam a pessoa com a cabeça para baixo”.
De acordo com o especialista, “tocar flauta, trompete, clarinete, saxofone ou até mesmo encher balões, também não é recomendado. Ao utilizar esses instrumentos, a pessoa precisa soprar com a boca e isso pode prejudicar a drenagem do humor aquoso, líquido que nutre o olho, e aumentar a pressão no nervo óptico”. A recomendação do Dr. Bittencourt é sempre buscar a orientação de um especialista para escolher a atividade mais indicada.
O médico oftalmologista dá uma dica para quem quer se movimentar sem correr o risco de agravar o Glaucoma: praticar exercícios aeróbicos. “Atividades como caminhada, corrida e ciclismo melhoram a oxigenação do corpo e podem favorecer o fluxo sanguíneo ao redor do nervo óptico, potencialmente reduzindo a progressão da doença”, complementa ele.
No Brasil, mais de 1,7 milhão de pessoas têm Glaucoma, segundo estimativa do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), e sem os cuidados adequados para manter a pressão intraocular controlada, a doença causa danos progressivos e irreversíveis ao nervo óptico. Formado por milhões de células da retina, camada do olho que converte a luz em sinais nervosos, o nervo óptico transmite os sinais visuais ao cérebro para que os interprete como imagens e é essencial para a visão.
“Infelizmente, o Glaucoma geralmente avança de forma lenta e silenciosa e quando surgem os primeiros sintomas, o quadro já está avançado e os danos à visão são irrecuperáveis”, alerta o Dr. Bittencourt. O risco de apresentar a doença é maior em quem possui casos na família, tem mais de 40 anos, possui miopia alta, diabetes ou faz uso de corticoides. A doença ocular também pode ser causada por traumas, procedimentos realizados nos olhos, algumas doenças oculares ou sistêmicas, como o diabetes.
Para se prevenir do Glaucoma, o médico orienta “realizar consultas oftalmológicas regulares a partir dos 40 anos e ficar atento à perda da visão periférica, que são as imagens que vemos no canto do olho sem mover a cabeça. Outros sinais que podem indicar a condição ocular são a dificuldade para enxergar em locais com pouca iluminação, visão turva ou embaçada, dor nos olhos e na cabeça”.
Os sintomas tendem a se tornar mais intensos com o agravamento da doença, que conforme evolui pode causar a perda permanente da visão. O Glaucoma não tem cura e somente com o diagnóstico correto e o início do tratamento é possível evitar sua progressão até a cegueira irreversível. Para manter a pressão intraocular controlada podem ser indicados colírios, laserterapia e, em alguns casos, a doença pode exigir procedimentos cirúrgicos.
É muito importante o paciente adotar todos os cuidados e seguir corretamente as orientações do médico oftalmologista, além de manter o acompanhamento constante da doença ocular. O Glaucoma é uma condição crônica e o monitoramento contínuo é fundamental para evitar que ocorram mais danos ao nervo óptico e a visão possa ser preservada.