Carmo dos Santos é estudante de Jornalismo e venceu a disputa mundial com um vídeo sobre o fim da água.
Carmo dos Santos, estudante do 2º período de Jornalismo da Universidade Estadual do Piauí, campus de Picos, esteve na última semana na Espanha, para receber das mãos do relator especial da Organização das Nações Unidas, Pedro Arrojo, uma premiação após vencer o concurso internacional que teve como tema “Mudanças Climáticas e direitos humanos à água e ao saneamento”, onde abordou em um vídeo as mudanças climáticas no mundo e a forma como ela afetará as pessoas de diferentes maneiras.
O jovem, natural de São Julião, concorreu com mais 66 outros, de idades entre 16 a 24 anos, de várias partes do mundo. O resultado do concurso, foi divulgado no dia 18 de agosto, em que se comemora o Dia Internacional da Juventude, e a premiação aconteceu na última quinta-feira (25), na 4ª edição do “Human rigth you challenge” – em português “Desafios juvenil de direitos humanos”.
Carmo dos Santos é o segundo brasileiro a vencer a disputa. Para ele, por mais que sentisse que seu trabalho foi bem feito e tivesse esperança de vencer, ele também tinha medo e ansiedade, o que gerou surpresa com a resposta de sua vitória.
“Às vezes eu achava que ia dar certo, porque sou positivo e sei que fiz um bom trabalho, passando uma mensagem importante e de forma legal. Eu já ensaiava até o que ia falar lá no evento, mesmo sem saber se daria certo ir por conta da pandemia. E às vezes achava que ia dar tudo errado. Fiquei muito ansioso. Quando o resultado saiu, eu fiquei muito feliz. O relator especial da ONU publicou nas suas redes sociais e me mandou mensagem. Fiquei muito surpreso e honrado”, destacou ele.
Segundo Carmo dos Santos, saber do concurso casou com dois pontos que, para ele, são especiais: a paixão pelas mídias visuais e pelas problemáticas enfrentadas pela humanidade.
“Desde pequeno sempre fui muito apaixonado por vídeos e sempre gostei de me envolver nos problemas da minha escola, das comunidades das quais fazia parte. Quando soube da existência desse concurso, que foi na área de mídias, e sobre o tema, que é algo que eu gosto, vi nele uma combinação perfeita de algo que eu poderia tentar. Construí o vídeo em alguns dias e foquei em como as mudanças climáticas vão afetar as pessoas de formas diferentes, dependendo de onde vivem, de sua classe social e dos meios que ela terá para se precaver se a humanidade não conseguir amenizar ou inibir as mudanças climáticas”, disse ele.
O estudante de Jornalismo da Uespi de Picos informou que o principal foco de seu objeto de “estudo” foi mostrar às pessoas como cada uma delas enfrentará as consequências das mudanças climáticas, especialmente os menos favorecidos socialmente.
“Toquei no ponto de como as pessoas terão acesso ao básico, como água e comida. Frisei muito em como os mais vulneráveis socialmente serão afetados. As pessoas acham que as mudanças climáticas não irão chegar aqui. Queria muito que as pessoas entendessem que, com o aquecimento global, regiões como a nossa, que fazem parte do semiárido, cada vez mais diminuirá a precipitação de chuvas e, consequentemente, se tornará mais seca. Há também o aumento da desertificação. Uma vez que o solo entra em processo de desertificação, ele é irreversível, não entra mais em seu estado natural, ele não consegue mais produzir nada e nem segurar água, se tornando inabitável. As mudanças climáticas são uma pauta para nossa sociedade agora. Caso a temperatura do planeta aumente, nós, nordestinos, seremos muito atingidos. Aqui é muito quente e a tendência é que fique mais quente ainda. Imagina-se então o caos que vai ser a vida, especialmente para os menos favorecidos economicamente”, destacou.
O vídeo foi todo produzido em inglês – mas legendado, pois uma das exigências da ONU é que estivesse em uma língua oficial (inglês, espanhol ou francês). Carmo dos Santos frisou que usa maior dificuldade na produção foi tornar o audiovisual didático.
“Minha maior dificuldade foi em como deixar a mensagem didática. Quando se fala em mudança climática, o pessoal acha um assunto chato, de militante, de ambientalista. E as pessoas sempre acham que só vai acontecer daqui a 100 anos e não vai chegar aqui em Picos, por exemplo. Minha meta é que qualquer pessoa possa entender que as mudanças atingirão a todos, mas especialmente os mais vulneráveis”, declarou.
O Piauí é hoje um dos estados que menos se discute as alterações climáticas do Brasil. Para Carmo dos Santos, sua missão é fazer com que o vídeo chegue a todos e que, através dele e de outras ações, a população discuta mais sobre a problemática.