Ferramenta veio para dar mais agilidade na hora de pagar compras, mas também traz alguns riscos. Polícia orienta sobre como se prevenir.
Com o mundo em constante movimento e a correria do dia a dia, qualquer ferramenta que facilite a realização de tarefas simples se torna bem-vinda. É nessa dinâmica que o uso dos cartões de crédito e débito por aproximação se dinamizou. Trata-se de um dispositivo fisicamente igual àquele com o qual já estamos acostumados a lidar, mas a tecnologia empregada é outra.
O cartão por aproximação permite a realização da transação, como o próprio nome já diz, apenas pelo ato de aproximá-lo da maquineta sem a necessidade de digitar senha ou qualquer outra confirmação dos dados do titular. É um dispositivo que traz agilidade na hora do pagamento, mas que também reúne uma série de riscos. Não são poucos os casos de golpes que acabaram sendo facilitados pela ferramenta de aproximação do cartão.
Em alguns estados, já há relatos, por exemplo, de criminosos que se utilizam do transporte público para roubar as pessoas com cartões por aproximação. O plástico pode estar guardado na carteira, no bolso ou em qualquer outro lugar de fácil acesso. Os bandidos, então, se aproximam com a maquineta do cartão em mãos e passam uma compra, subtraindo valores da conta corrente ou do limite de crédito da vítima no banco.
Foto: Assis Fernandes/O Dia
Em casos de perda ou furto do cartão por aproximação, muitas vítimas só ficaram sabendo que não estavam mais com seus dispositivos quando foram checar sua conta no aplicativo do banco e a viram zerada. Em conversa com o Portalodia.com, o delegado Odilo Sena alerta: a melhor prevenção contra os golpes com cartões por aproximação é não ter cartões por aproximação.
“Sinceramente, do ponto de vista da segurança, é uma opção terrivelmente ruim justamente porque na nossa correria diária, na nossa dificuldade de perceber as coisas pequenas que nos acontecem, a gente acaba dando brecha para que nos roubem. A pessoas não têm muito tempo para raciocinar e isso é um prato cheio para o estelionatário, para o falsário, para o criminoso”, diz Odilo.
Aplicar golpes virtuais roubando as pessoas direto em suas contas em instituições financeiras tem sido uma modalidade criminosa que vem crescendo no Piauí e em todo o Brasil. A polícia alerta que esse tipo de delito é mais atrativo para os criminosos, porque permite que ele gere prejuízos muitas vezes milionários às vítimas. De acordo com o delegado Odilo Sena, os ganhos das organizações criminosas que atuam de forma especializada no estelionato pode ser até cem vezes maior do que o que se consegue com assaltos a transeuntes no meio da rua.
Foto: Assis Fernandes/O Dia
Trata-se de uma modalidade de crime mais apurada e sofisticada, mas da qual é possível se proteger com algumas medidas simples por quem quer manter ativa a ferramenta de aproximação de seus cartões. O delegado cita algumas.
“Colocar uma fita cobrindo o código de segurança que fica no verso do cartão, comprar uma carteira cujo material evite a passagem de sinal de rádio que permita ler o cartão sem tocar nele, se der falta do cartão, entrar em contato imediatamente com seu banco solicitando o cancelamento ou cancelar automaticamente pelo aplicativo, conferir periodicamente sua conta corrente e o limite do cartão, manter sempre as notificações do aplicativo do banco ativadas para ele lhe informar em tempo real caso alguma nova transação seja realizada”, elenca o delegado Odilo Sena.
O delegado Odilo Sena orienta sobre como evitar cair em golpes com o cartão de aproximação - Foto: Assis Fernandes/O Dia
A mais importante de todas as medidas para evitar cair em golpes com cartão por aproximação, ele alerta, é evitar ter esse tipo de cartão. O delegado sugere que as pessoas desativem essa função junto ao banco ou que estabeleçam um limite pequeno de compras para serem feitas com ele, o que evitaria maiores prejuízos em caso de golpe.
“Nós vivemos em um mar de impunidade”
Apesar de os acusados de golpes com cartão por aproximação serem enquadrados em crime de estelionato, eles podem nem chegar a responder criminalmente por isso caso devolvam o valor roubado à vítima. Se houver um acordo entre o suspeito e a vítima, a polícia barra o processo e o golpista acaba sendo liberado.
Essa sensação de impunidade é o que acaba levando criminosos a aderirem aos estelionatos virtuais. É isso o que pontua o delegado Odilo Sena. “Se você comete um golpe contra mim, por exemplo, e vai para uma delegacia, a princípio vai ser um flagrante. Mas se você me devolve o dinheiro, se você fizer um acordo comigo, não haverá crime. Resumindo, o acusado pode sair livre sem responder a inquérito nenhum. É uma falha na lei, parece brincadeira, mas isso pode acontecer”, explica.
Para Odilo Sena, é preciso que junto com a prevenção ao crime, hajam leis mais severas para punir aqueles que forem enquadrados Só um conjunto de ações mais efetivas poderão reduzir estes índices da criminalidade.