Tudo indica que nos próximos dois a três meses os pesquisadores criem um modelo de produção para o imunizante
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) já está com a matéria-prima para o Brasil desenvolver sua própria vacina contra a varíola dos macacos (monkeypox). O contrato foi firmado diretamente entre o CTVacinas e o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos.
Tudo indica que nos próximos dois a três meses os pesquisadores criem um modelo de produção para o imunizante. Ele poderá ser replicado em grande escala e distribuído à população ainda no 1º semestre de 2023.
Sementes
Com a ajuda do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, foi possível a equipe do CTVacinas receber dois frascos com "sementes" do vírus Vaccínia Ankara Modificado (MVA), que pertence à família da varíola dos macacos. Assim ele é capaz de produzir uma resposta imune contra a monkeypox.
O material é o mesmo utilizado na vacina Jynneos/Imvanex, produzida pela empresa Bavarian Nordic, que é, até o momento, a única responsável por abastecer o mundo todo contra a doença.
Matéria-prima da vacina já chegou para uso na produção da varíola dos macacos - reprodução
Vacina Nacional
Para criar o modelo da vacina nacional, a equipe da UFMG pretende alterar geneticamente essas "sementes" enviadas pelos Estados Unidos e fazer com que o vírus de MVA enfraquecido se multiplique.
"Devido à semelhança genética desse vírus com o da monkeypox (varíola dos macacos), ela consegue imunizar contra a nova doença, assim como protegeu contra a varíola humana no passado. É o que chamamos de proteção cruzada", explica Flávio da Fonseca, professor da UFMG.
A partir disso, os cientistas criam uma "receita" de produção que depois poderá ser replicada em larga escala por laboratórios como o Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).