Foto: Cassiano Rosário/Estadão Conteúdo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que Leonel Brizola (1922-2004), caso fosse vivo, estaria ao seu lado e o apoiaria nas eleições deste ano, em uma indireta ao presidenciável Ciro Gomes (PDT).
Fundador do PDT, Brizola sofreu três derrotas em eleições presidenciais -duas como cabeça de chapa, em 1989 e 1994, e uma como vice de Lula, em 1998.
"Eu estou vendo aqui o neto do Brizola, o Leonel. Se o Brizola estivesse aqui, o Brizola estava junto conosco aqui pedindo 'fora, Bolsonaro'. Eu tenho certeza disso, eu tenho certeza absoluta que o Brizola estaria do nosso lado", afirmou Lula neste domingo (25).
O petista participou de ato na quadra da Portela, em Madureira, na zona norte do Rio de Janeiro, ao lado do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD).
Nos últimos dias, cresceram os ataques de Ciro Gomes a Lula, em meio a uma ofensiva da campanha petista pelo voto útil.
No debate presidencial deste sábado (24), o pedetista chegou a afirmar que Lula faltou ao evento "por estar com salto alto" e que o petista "produziu uma onda de propaganda: todo mundo que não é Lula, é fascista".
O ex-presidente voltou a pregar contra a abstenção de votos e reforçou que a militância deve conversar com quem ainda não decidiu o eu voto e não deve "aceitar provocação".
"Não vamos tentar convencer um fanático bolsonarista a votar na gente, deixa ele ser comido pelo verme bolsonarista. O que temos [que fazer] é conversar com milhões de pessoas que estão indecisas, que pensam em se abster", disse.
O ex-presidente também afirmou que deverá participar do debate presidencial da TV Globo, o último antes do primeiro turno, na quinta-feira (29). Lula não esteve no evento promovido no SBT no sábado -ele fez dois comícios em São Paulo.
"Eu gosto de debate. Mas os debates estão ficando difíceis, porque tem pouca gente com condições de disputar as eleições e eu vou lá disputar com cinco [candidatos] que só tem um objetivo: me atacar, porque estou em primeiro lugar", disse.
"Mas eu quero ir no debate [da TV Globo] porque eu não quero conversar com eles. Quero aproveitar o espaço na televisão para conversar com vocês."
Ao criticar a condução do governo federal da pandemia da Covid-19, Lula criticou pastores que são aliados ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Como é possível um presidente da República dizer que tomar vacina é virar jacaré. O pastor que segue ele não pode ser pastor, não acredita em Deus, não pode falar em nome de Deus."
Lula também disse que Bolsonaro precisa explicar a compra de 51 imóveis em dinheiro vivo por sua família e que ele tenta passar à sociedade "a ideia que ele é honesto, que seus filhos são honestos, que o Queiroz é honesto".
O ex-presidente citou os mecanismos de combate à corrupção implementados em seu governo e disse que "a corrupção no nosso governo apareceu porque a gente tirou o tapete da sala".
"No meu tempo eu não queria controlar o Ministério Público. Ele foi livre para processar a hora que quisesse e quem ele quisesse. Eu não controlava a Polícia Federal porque eu quero as instituições de Estado fortes para garantir a democracia. Nunca pedi para a Polícia Federal fazer ou não fazer. Era uma decisão dela junto com a Justiça", continuou.
O ex-presidente disse ainda que não haverá teto de gastos caso ele seja eleito e que é uma "estupidez" querer privatizar a Petrobras, mas indicou que, a sete dias das eleições, ele não pode dizer que irá "rever muitas coisas que foram feitas".
"Não posso dizer, seria irresponsabilidade minha. Primeiro preciso conhecer o que foi feito para depois tomar decisão do que foi feito."
Ao final de seu discurso, Lula afagou Eduardo Paes e disse que ele é o "melhor filiado do PSD" e seu "melhor aliado".
As declarações foram após Lula afirmar que que chegou a convidar o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), para participarem de um comício que ele realizou em Minas Gerais -e os dois terem negado.
"É o único candidato a governador que o Kassab tem, convidei para ir e ele não quis ir. Convidei o Pacheco, que é o senador de Minas Gerais: 'cara, vamos para Minas, você não tem que falar o meu nome, fala só o nome do Kalil'. Eu acabo de eleger o Eduardo Paes o melhor filiado do PSD e o melhor aliado meu."
Em sua fala, Paes homenageou Felipe Santa Cruz, candidato a vice-governador do Rio na chapa encabeçado por Rodrigo Neves (PDT).
Parte do público reagiu gritando "uh, é Freixo", em apoio ao candidato Marcelo Freixo (PSB), que tem apoio de Lula. Eduardo Paes, então, reagiu cantando "é Lula, é Lula".
Freixo chegou a marcar um comício com Lula também neste domingo, mas o evento foi substituído por por um encontro com celebridades num hotel.
O candidato do PSB buscou não demonstrar incômodo, afirmando que o objetivo do ato na Portela era apoiar Lula, e não a eleição estadual. Ele disse que o comício da tarde foi cancelado para poupar a voz do ex-presidente.
Fonte: Folhapress