A PRF (Polícia Rodoviária Federal) informou às superintendências regionais que os serviços de manutenção não essenciais em viaturas não podem ser realizados sem uma aprovação prévia por falta de recursos.
Segundo o ofício, a medida acontece por falta de verba, sendo que as tratativas da corporação com os ministérios da Justiça e da Economia ainda estão em curso para viabilizar complementação orçamentária.
Segundo dados divulgados no documento, o orçamento atual para manutenção da frota é de R$ 31 milhões, sendo que já foram executados R$ 38,9 milhões. As informações foram divulgadas inicialmente pelo G1 e confirmadas pela Folha de S.Paulo.
"Essas tratativas não se resolvem com a mesma agilidade com que executamos nossos contratos, sendo necessário a tomada de ações mais enérgicas com vistas a impedir que a PRF execute valores acima de seu orçamento", disse a diretoria-geral da PRF, no documento.
Em razão do cenário apresentado, a Divisão de Frota da PRF determinou a centralização da tomada de decisão sobre a aprovação ou não da execução de qualquer serviço de manutenção não essencial em toda a frota automotiva da PRF até que o processo de levantamento e replanejamento orçamentário seja concluído.
A PRF listou 15 serviços não essenciais, como serviço de manutenção mecânica corretiva, manutenção elétrica, lanternagem e funilaria, pintura, manutenção de ar condicionado automotivo, plotagem, adesivagem e envelopamento, entre outros.
A diretoria da PRF disse ainda que assim que seja concluído o processo de reajuste e reequilíbrio financeiro, as restrições definidas serão revogadas e liberadas novamente para todos os gestores de frota.
O anúncio foi feito em um período em que a PRF precisou ampliar o trabalho por causa dos atos antidemocráticos que interditaram e bloquearam rodovias federais. Os protestos foram realizados contra o resultado das eleições, que teve Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como vencedor na disputa pelo Planalto.
Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), incluindo caminhoneiros, iniciaram os protestos logo após o anúncio da vitória do petista.
A atuação da PRF só foi mais efetiva na terça (1º), após determinação do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, para que o governo adotasse "todas as medidas necessárias e suficientes" para desobstruir as rodovias.
A Folha de S.Paulo mostrou que estavam na escala do dia seguinte ao segundo turno 2.310 agentes. Em outras três segundas-feiras do mês (3, 10 e 24), os efetivos foram de 2.018, 2.271 e 2.333 policiais, respectivamente. Portanto, não houve reforço imediato para o atendimento à situação emergencial.
A Polícia Federal abriu inquérito para que o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, seja investigado sob suspeita de prevaricação.
A apuração foi solicitada pelo Ministério Público Federal e terá como foco averiguar a conduta de Vasques relativa à atuação do departamento no dia do segundo turno e sobre a reação aos bloqueios e interdições de rodovias promovidos por bolsonaristas após o resultado das urnas.
Fonte: Folhapress/Raquel Lopes