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O envelhecimento é uma etapa da vida natural e inerente a todo ser humano e que merece atenção especial em relação à saúde mental. E muito pouco se fala sobre ansiedade, depressão e desesperança entre grupos de idosos.
Segundo previsão do Ministério da Saúde para o ano de 2050, a expectativa no Brasil, bem como em todo o mundo, é de que existirão mais idosos que crianças menores de 15 anos. Mas, como anda a saúde mental dessa parte da população?
De acordo com Blenda de Oliveira, doutora em psicologia, um dos fatores que traz ansiedade no processo de perda da juventude é a passagem do tempo e consequentemente a proximidade com a morte. “Vivemos em uma cultura ocidental na qual a morte é considerada um tabu. Desse modo, somos treinados a não falar sobre esse tema”, explica.
A especialista começou a perceber através de casos apresentados em atendimentos, que a forma como as mulheres lidavam com o envelhecimento envolviam questões diferentes dos seus pacientes do sexo masculino.
“No caso das mulheres, a ansiedade na terceira idade envolvia questões como sentimento de perda da beleza física, atratividade e dos atributos de sedução. E no caso dos homens, percebi questões que envolviam sentimentos relacionados à perda de potência, virilidade e poder”, diz.
Blenda lembra que a concepção do processo de envelhecimento mudou muito nos últimos anos para uma forma positiva e não mais com a ideia de perda de vitalidade como era preconizado no final do século XIX e início do século XX. Mas é claro que ainda há muito o que fazer para acabar com os estigmas do envelhecimento.
“É preciso envelhecer de forma saudável, sem eliminar as ansiedades próprias desse ciclo da vida. Essa etapa inclusive é um processo que pode ser construído a partir dos nossos outros estágios como infância, juventude e idade madura”, afirma a especialista.
Ainda segundo Blenda, é possível encontrar potencialidades e algo novo dentro de si, sendo a “velhice” um momento crucial de grandes realizações.
“Na terceira idade, muitas vezes o maior desafio enfrentado pela pessoa idosa é o cultural, pois vivemos em uma sociedade limitante que coloca o idoso em uma posição que o desvaloriza. Essa faixa etária tem libido, desejo, capacidades laborais e muito ainda a contribuir para a sociedade”, afirma.
A especialista sugere uma autorreflexão com 5 perguntas à ansiedade pelo envelhecer:
-Quem é você no tempo que transcorre?
-Como gostaria de viver no presente e nos próximos anos?
-Que há por detrás da angústia com a passagem do tempo?
-Olhe-se no espelho, de preferência sem roupa, e repare em cada parte do seu corpo. Do que tem medo? Do que gosta? O que o assusta?
-Como quer ser lembrado?
Vale lembrar que ao observar o quadro de ansiedade na terceira idade, o primeiro passo é aceitar a situação e procurar um médico especializado para exames e orientações. Já a família cabe aprender ouvir, respeitar e auxiliar o idoso.
Da Redação
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