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Parlamentares apostam que Mauro Cid falará à CPMI mesmo tendo garantido o direito de ficar calado
Polícia
Publicado em 10/07/2023

Tenente-coronel Mauro Cid ao lado de Jair Bolsonaro

DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

 

 

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro presta depoimento nesta terça-feira sobre os atos extremistas de 8 de janeiro

 

Após o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, quebrar o silêncio em depoimento à Polícia Federal (PF), parlamentares que integram a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro apostam na colaboração do militar no que seria sua primeira fala pública, durante participação marcada para esta terça-feira (11). Cid tem direito a permanecer em silêncio para não se comprometer. Ele está preso desde 3 de maio, após operação que apura um esquema de fraude em cartões de vacinação. 

O tenente também é investigado nos casos das joias de Jair e Michelle Bolsonaro e dos atos extremistas de 8 de janeiro. À PF, ele já prestou seis depoimentos, mas foi no último dia 30 que ele falou pela primeira vez sobre as invasões aos prédios dos Três Poderes, em uma oitiva de quase quatro horas. 

É por ter rompido o silêncio que parlamentares da CPMI com quem o R7 conversou reiteram que Cid estaria disposto a falar. Procurada, a defesa do militar não respondeu qual seria a orientação. Os advogados chegaram a entrar na Justiça para pedir que o investigado não fosse obrigado a comparecer ao Congresso. A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que Cid será obrigado a comparecer, mas pode ficar em silêncio e não vai precisar responder a perguntas que possam incriminá-lo.

A possibilidade de que a mulher do militar, Gabriela Cid, seja convocada a depor caso não haja nenhuma resposta por parte do ex-ajudante também pode influenciar na disposição de Cid em falar aos parlamentares. Ela e a filha do general Eduardo Villas Bôas, Ticiana Villas Bôas, articularam atos extremistas para manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições. Mensagens obtidas pela PF revelam que as duas tramaram a invasão de Brasília e a queda do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"Vai depender da fala do Mauro Cid. Se ele contribuir, se ele falar, não se fará necessária a convocação da Gabriela. Agora, se ele ficar calado, se não contribuir, vai estar, automaticamente, permitindo que a Gabriela, a própria esposa, seja convocada", afirmou o deputado Duarte Jr. (PSB-MA) em vídeo divulgado nas redes sociais. 

A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), não deve explorar questões de cunho familiar na oitiva, conforme a reportagem apurou. Ela prepara perguntas relacionadas aos atos extremistas e ao documento encontrado no celular de Cid que apresentava o roteiro para um golpe de Estado no país após o resultado das eleições presidenciais do ano passado.

Os membros que representam a oposição na CPMI pretendem aproveitar a presença do aliado de Bolsonaro para questionar sobre omissões do atual governo durante a invasão aos prédios dos Três Poderes.

"Buscaremos elaborar perguntas que possam ajudar a esclarecer quem foram os verdadeiros responsáveis para que aqueles fatos do dia 8 de janeiro ocorressem. Tanto quem cometeu a ação violenta como quais autoridades foram omissas nas suas respectivas áreas de competência", disse o senador Eduardo Girão (Novo-CE) ao R7.

 

 

 

Girão definiu a convocação de Mauro Cid para a CPMI como uma tentativa do governo de desviar o foco "da omissão da estrutura de segurança e que permitiu os lamentáveis eventos de 8 de janeiro".

A oposição tenta mirar nomes como o do ministro da Justiça, Flávio Dino, e do ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Gonçalves Dias. 

 

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