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Alertas ao governo e adulteração de relatório: os principais pontos do depoimento do ex-diretor da Abin
Brasil
Publicado em 01/08/2023

Saulo Moura, ex-diretor da Abin

EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO

 

 

Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, Saulo Moura afirmou que a Abin produziu cerca de 30 alertas sobre riscos de ataques

Em depoimento que durou cerca de quatro horas à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, nesta terça-feira (1º), o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha afirmou que foram emitidos 33 alertas de inteligência, entre 2 e 8 de janeiro deste ano. Além disso, ele disse que o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marco Edson Gonçalves Dias, foi informado sobre o risco de ataque às sedes dos Três Poderes.

Veja os principais pontos do depoimento:

Alertas da Abin

Saulo afirmou que os alertas emitidos pela Abin informavam risco de invasão às autoridades de segurança, inclusive ao GSI. "Em um dos alertas, falamos da detecção de risco de invasão e depredação de prédios. Falamos, no dia 8, da presença de pessoas que diziam estar armadas", disse o ex-Abin, completando que as informações eram geradas em tempo real. Um dos meios de divulgação dos alertas, segundo Cunha, foi o WhatsApp.

Ele detalhou que as atualizações eram veiculadas em um grupo intitulado CONSISBIN, em referência ao Conselho Consultivo do Sistema Brasileiro de Inteligência. Esse canal, administrado pela Abin, contava com a participação de membros da inteligência da Defesa, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT); da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL); dos centros da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública; além do próprio Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

Adulteração de documentos

Segundo Saulo, Gonçalves Dias determinou a remoção do nome dele de uma planilha com a relação de todas as autoridades que receberam alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre os atos extremistas.

"Entreguei essa planilha ao ministro e ele determinou que fosse retirado o nome dele dali, porque não era o destinatário oficial das mensagens", declarou o depoente, completando ter apenas obedecido a ordem.

Por isso, a primeira versão desse relatório foi arquivado pela Abin. Este seria o motivo da existência de dois documentos: um contendo o nome de Gonçalves Dias e o outro não.

 

 

 

"Da Abin, não houve nenhuma iniciativa em esconder que o ministro recebeu as informações", enfatizou Cunha, completando que ele mesmo conversou com Gonçalves Dias pelo WhatsApp e repassou os alertas ao então ministro do GSI.

Intenção dos manifestantes

Saulo também disse que os extremistas tinham "obviamente" intenção de "ruptura constitucional". "Havia uma ameaça de ruptura constitucional a partir do momento, como os próprios fatos demostram, em que as três sedes dos Três Poderes foram ocupadas e vandalizadas. É uma ameaça à ordem constitucional", completou.

Ligação com tentativa de invasão da sede da PF e ameaça de bomba no aeroporto

Saulo disse que vê ligação entre o 8 de Janeiro e a tentativa de invasão da sede da Polícia Federal, em Brasília, em 12 de dezembro, e com a tentativa de explosão de uma bomba no aeroporto da capital federal em 24 de dezembro. "Obviamente, eles [os relatórios] enxergam uma sucessão de fatos. Não são fatos isolados", disse, sem dar detalhes sobre os relatórios, já que eles estão sob sigilo. 

Responsabilidade de Gonçalves Dias

Relatora da CPMI, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) afirmou que o ex-ministro Gonçalves Dias deve ser responsabilizado caso fique provado que ele recebeu informações sobre o risco de invasão dos prédios públicos.

"Precisamos cobrar responsabilidade do Gonçalves Dias, se ele foi informado e se pediu a retirada do nome dele desses documentos. A comissão vai ouvi-lo, e, se tiver que fazer acareação, vamos fazer", afirmou Eliziane.

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