POLÍCIA FEDERAL/REPRODUÇÃO - ARQUIVO
A Polícia Federal localizou mensagens que mostram a organização de um suposto esquema para entregar "em mãos" ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) US$ 25 mil, o que equivale a mais de R$ 122 mil. A corporação quer saber se o dinheiro é fruto da venda ilegal de presentes dados a Bolsonaro por autoridades estrangeiras em missões oficiais.
As mensagens foram colhidas do celular de um dos ex-ajudantes de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid. Em uma conversa entre o militar e Marcelo Câmara, assessor especial do gabinete pessoal de Bolsonaro, Cid evidencia estar com receio de usar o sistema bancário para fazer repasses ao ex-presidente e sugere: "Tem US$ 25 mil com meu pai. Eu estava vendo o que que era melhor fazer com esse dinheiro, levar em 'cash' aí. Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente [...] E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos", diz o ex-ajudante. Ele acrescenta que há a possibilidade do depósito, mas diz achar que "quanto menos movimentação em conta, melhor, né?".
O pai de Cid é o general Mauro César Lourena Cid, um dos alvos da operação da Polícia Federal desta sexta-feira (11) que busca combater crimes de peculato e lavagem de dinheiro ligados ao caso das joias recebidas por Bolsonaro de governos estrangeiros. Segundo as investigações, o general estava no esquema de vendas e era o responsável por negociar joias e outros bens ganhos pelo ex-presidente.
À época da troca de mensagens, em 18 de janeiro, Bolsonaro já não era mais presidente e estava morando nos Estados Unidos. Ele só retornou ao país em 30 de março. O R7 acionou a defesa do ex-chefe de Estado e aguarda o retorno.
Operação
Além de Lourena Cid, foram alvo da operação da PF o tenente do Exército Osmar Crivelatti e o ex-advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef. Eles são suspeitos de ter vendido joias e presentes oficiais recebidos pelo ex-presidente.
De acordo com a PF, eles teriam utilizado "a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado por meio da venda desses itens no exterior".
As quantias obtidas com essas operações, ainda de acordo com a investigação, "ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, a localização e a propriedade dos valores". A Polícia Federal não informou o lucro que os suspeitos teriam obtido com a suposta venda das joias e dos presentes.