EUROPA ENGENHARIA
PUBLICIDADE
ARMAZÉM PARAIBA
COMPRRE DIRETO PELO NOSSO WHATSAPP
VOE PICOS
Publicidade
Publicidade
Publicidade
PUBLICIDADE
Após testes com lobos, empresa quer recriar ave gigante extinta há 500 anos
Por Dulina Fernandes
Publicado em 11/07/2025 14:41
Saúde

Foto: Freepik

 

A empresa de biociências e engenharia genética Colossal Laboratories & Biosciences, responsável pela criação de três lobos geneticamente modificados, planeja agora "desextinguir" a moa, uma espécie de ave gigante extinta há 500 anos.

A Colossal anunciou que planeja "trazer de volta" o "gigante perdido da Nova Zelândia". Segundo Paul Scofield, curador de História Natural do Museu de Canterbury, na Nova Zelândia, nove espécies de moas habitavam a região quando os primeiros humanos chegaram ao local, há cerca de 800 anos. Ao canal da Colossal no YouTube, Scofield, que atua como conselheiro da empresa, definiu as aves como "pássaros gigantes do tamanho de dinossauros".

Segundo a Colossal, os cientistas vão reconstruir o genoma da moa a partir de diferentes frentes. Além de estudar a genética de espécies atuais parentes da ave, os cientistas avaliam, também, eventuais informações genéticas das próprias moas. Conforme Ben Lamm, CEO da Colossal, a equipe já tem em mãos amostras de mais de 60 ossos, fósseis e um pé com tecidos moles intactos. "Já estamos trabalhando em genomas de várias espécies de moa", declarou Lamm ao portal IFLScience.

A equipe também planeja usar células precursoras de óvulos e espermatozoides. "Usamos PGCs (células germinativas primordiais) como substrato para edição genética, tanto para construir uma ave substituta quanto como molde para introduzir alterações genéticas que darão origem a aves com características específicas de moa", diz a empresa.

No processo de "desextinção", uma espécie viva de ave carrega os óvulos e espermatozoides da moa. "Para que um substituto seja bem-sucedido, o tamanho do ovo e o conteúdo nutricional devem ser compatíveis entre a espécie substituta e a espécie resgatada", explicam os cientistas da Colossal. Segundo os cientistas, o macuco é a espécie mais próxima à moa atualmente, seguida pelo emu.

"Sequenciamos genomas de alta qualidade de parentes vivos próximos da moa, bem como genomas antigos, para entender quais mudanças genéticas deram origem a características específicas da moa, como tamanho corporal avantajado e ausência de asas", explicou a Colossal, em seu portal oficial.

Extinção e tradição Maori

No final do século 13, a moa desapareceu. Conforme os cientistas da Colossal, a atividade humana provocou um rápido declínio e a extinção definitiva da espécie. "Sua extinção há aproximadamente 500 anos, principalmente devido à caça excessiva pelos primeiros maoris [povo nativo da região], deixou um vazio significativo na paisagem ecológica e cultural da Nova Zelândia", escreveu a empresa em seu portal.

O animal faz parte da história dos grupos maoris. O projeto da Colossal é liderado pelo Ngai Tahu Research Centre, que apoia o desenvolvimento deste povo local. "A história da moa tem um contexto e uma história muito interessantes de interações ancestrais entre os maoris e o animal", explicou Kyle Davis, membro da Ngai Tahu, no vídeo de divulgação do projeto.

A ave fornecia carne para alimentação, penas e peles para roupas e ossos para ferramentas e ornamentos. As moas também ocupavam um lugar na mitologia e nas tradições orais maoris. Como figura de força e resiliência, a moa passou a fazer parte de provérbios maori em mensagens sobre sobrevivência e perda.

A ordem Moa (Dinornithiformes) incluía espécies de tamanhos variados. As maiores, como a Dinornis robustus, chegavam a atingir 3,6 metros de altura e pesavam cerca de 230 quilos. As aves herbívoras tinham pescoços longos, pernas robustas e uma "plumagem característica", segundo a Colossal.

Apesar de serem aves, as moas não tinham asas. Conforme os cientistas da Colossal, as asas foram perdidas ao longo da evolução da espécie, que se alimentava de folhas, galhos e frutos.

A moa vivia nas florestas e planícies do país da Oceania e não existiu em nenhuma outra parte da Terra, segundo a Colossal. O animal, conforme os cientistas, desempenhou um papel fundamental na formação dos ecossistemas locais graças à dispersão de sementes e ao manejo da vegetação em seus habitats.

Empresa quer recriar várias espécies

A Colossal aposta na chamada "desextinção". O intuito, segundo a startup, é restaurar ecossistemas, preservar a biodiversidade global e até mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

Animais híbridos adaptados às condições atuais estão nos planos da empresa. No caso dos lobos, o projeto mistura o DNA de lobos-cinzentos com genes do extinto lobo terrível (Aenocyon dirus). Para os cientistas da Colossal Biosciences, esta foi a primeira "desextinção" bem-sucedida da história.

A empresa também anunciou o nascimento de lobos-vermelhos clonados. São duas ninhadas de uma das espécies mais ameaçadas de extinção.

Já o mamute lanoso, extinto por volta de 2000 a.C, pode voltar até 2028, segundo os planos da empresa. Trata-se da última espécie de mamute que se adaptou às regiões mais ao norte do planeta e que tem tamanho próximo ao dos elefantes-africanos atuais. O tigre-da-Tasmânia, extinto na década de 1930, é outro foco da Colossal. 

Plano causa polêmica

A Colossal vem enfrentando uma série de críticas devido aos seus projetos. Segundo especialistas, os lobos desenvolvidos pela empresa não são indivíduos de lobos terríveis de verdade, e sim lobos-cinzentos (Canis lupus) modificados geneticamente para se parecerem com os extintos. A verdadeira "desextinção" só seria possível com clonagem, mas o DNA dos lobos terríveis verdadeiros não se preservou bem o bastante para que este processo fosse realizado.

A polêmica envolvendo os lobos fez com que a empresa se posicionasse. Ao anunciar o projeto, a Colossal declarou que o lobo terrível havia voltado da extinção. No entanto, em entrevista à revista de ciência New Scientist em maio, Beth Shapiro, cientista-chefe da Colossal, admitiu que não houve de fato uma "desextinção" da espécie, que desapareceu há cerca de 10 mil anos.

"Não é possível trazer de volta algo idêntico a uma espécie que já existiu. Nossos animais são lobos cinzentos com 20 alterações genéticas clonadas. Dissemos isso desde o início. Coloquialmente, eles foram chamados de lobos terríveis e isso deixa as pessoas furiosas", disse Beth Shapiro à New Scientist.

Iniciativa levanta, ainda, questionamentos éticos e ecológicos. A discussão passa pelos possíveis riscos de reintroduzir animais extintos em ambientes atuais, já que muitos deles foram profundamente alterados desde a última vez em que essas espécies existiram na Terra.

Comentários