Foto: Ascom/ DEOP

A Polícia Civil do Piauí investiga denúncias contra dois advogados, que atuam na área agrária, principalmente nos Cerrados do Piauí, que estariam produzindo dossiês falsos para intimidar desembargadores do Tribunal de Justiça do Piauí.
Durante depoimento, um desembargador relatou que um dos advogados, alvo da operação, chegou a entregar um dossiê na mesa dele, em uma tentativa de coação e intimidação. O desembargador contou que o crime aconteceu um dia antes dele julgar uma apelação em que o advogado era parte.
O delegado Tales Gomes, coordenador da Diretoria de Operações Policiais (DEOP) confirmou que cumpriu quatro mandados de busca e apreensão nos escritórios e residências dos dois advogados. Celulares e computadores foram apreendidos.
“De acordo com a denúncia, os advogados faziam acusações sem provas, chegaram a denunciar no CNJ, mas retiraram a denúncia por falta de provas. Há depoimento que o advogado chegou a entregar um dossiê na mesa do desembargador um dia antes dele julgar um processo que o advogado era parte e o desembargador se sentiu coagido e informou a Polícia”, disse o delegado.
Os dois advogados são suspeitos de praticar crimes contra três juízes e dois desembargadores com o objetivo de obter decisões favoráveis em ações relacionadas à reforma agrária.
Denúncias falsas
O delegado Tales Gomes explicou que os advogados teriam encaminhado denúncias falsas a órgãos correcionais nacionais contra os juízes e desembargadores.
“Consta nos autos que um dos advogados apresentou uma denúncia ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), relatando supostas irregularidades cometidas por magistrados do Piauí. Posteriormente, em uma vara judicial, na presença de um juiz e de servidores do Judiciário, esse mesmo advogado teria feito afirmações caluniosas. O magistrado que presenciou a situação comunicou o ocorrido à polícia. Durante as diligências de hoje, o advogado fez uma retratação formal junto ao CNJ, negando o que havia afirmado anteriormente”, relatou.
Foto: Ascom/ DEOP

Durante a operação, foram apreendidos documentos e equipamentos eletrônicos, que serão encaminhados à perícia. A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Piauí (OAB-PI), acompanhou todas as diligências.
“Desde o início, a OAB esteve presente e acompanhou a assinatura de todos os documentos. Agora, o material será encaminhado à perícia, e novas diligências serão realizadas para esclarecer os pontos ainda pendentes”, informou.
Jornalistas podem ser intimados para depoimentos
Os dois advogados investigados foram intimados a prestar depoimento formal nesta sexta-feira (22). Além deles, jornalistas que tiveram acessos aos dossiês também serão intimados pela distribuição de informações em grupos de WhatsApp.
“Acreditamos que algumas dessas denúncias foram distribuídas até mesmo em grupos de WhatsApp, onde circulavam entre jornalistas. Por isso, pretendemos intimar também os comunicadores mencionados nos autos, para esclarecer o possível envolvimento na divulgação dos dossiês”, concluiu.