Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (25), em Kuala Lumpur, capital da Malásia, que o Brasil trabalha para fortalecer o diálogo e a cooperação entre os países do Sul Global.
Ao receber o título de doutor honoris causa em Desenvolvimento Internacional e Sul Global pela Universidade Nacional da Malásia, Lula disse que as nações em desenvolvimento compartilham “o mesmo desejo de justiça e superação das desigualdades”, e defendeu uma ordem mundial mais equilibrada.
“Tarifas não são mecanismo de coerção. Nações que não se dobram ao colonialismo e à dicotomia da Guerra Fria não se intimidarão diante de ameaças irresponsáveis”, declarou o presidente.
O discurso foi realizado às vésperas de um possível encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir a redução de tarifas aplicadas a produtos brasileiros.
Em sua fala, Lula também destacou o papel do Brics como instrumento de equilíbrio global.
“O Brics é ator fundamental na luta por um mundo multipolar, menos assimétrico e mais pacífico”, disse.
O fortalecimento do grupo também é algo que preocupa Trump por ser considerado uma força anti-hegemônica que desafia a supremacia dos EUA no mundo. O Brics é um grupo de países de economia emergente, formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia e China. Fazem parte ainda: África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.
O presidente brasileiro afirmou ainda que a defesa de uma ordem baseada no diálogo e na igualdade soberana das nações “está no cerne da proposta brasileira de reforma das Nações Unidas”.
Crítica ao Conselho de Segurança da ONU
Lula criticou o atual formato do Conselho de Segurança, que, segundo ele, “seguirá inoperante e incapaz de responder aos desafios do nosso tempo” se não houver maior representatividade.
O presidente também questionou a desigualdade no sistema financeiro internacional, afirmando que “é inaceitável que os países ricos tenham nove vezes mais poder de voto no FMI do que o Sul Global”.
“A arquitetura financeira internacional deve direcionar recursos para o desenvolvimento sustentável dos que mais precisam. Não podemos vislumbrar um mundo diferente sem questionar um modelo neoliberal que aprofunda desigualdades”, afirmou.
Lula também defendeu a ciência, o pensamento crítico e a paz durante seu discurso.
“A ciência não se resigna diante da mazela de doenças socialmente determinadas ou de pandemias. As ideologias que pregam o racismo, o colonialismo e a mitogenia não encontro respaldo no conhecimento científico. O pensamento crítico é incompatível com a miséria e com a guerra”, disse.