Foto: Breno Moreno/Cidadeverde.com

Atualizada às 19h05

Depois de sair da prova no primeiro dia de Enem 2025, o professor de Literatura, Rômulo Arantes, do colégio Madre Savina, avaliou que estava "mais leve" que nos anos anteriores e “menos desgastante”, já que houve uma mudança na estrutura, com um só texto para várias questões. 

“Nós tivemos um texto só para três questões. Isso é algo que nós não tínhamos estruturalmente, mas do ponto de vista de conteúdo, houve a manutenção da cobrança dos assuntos convencionais que nós sempre esperamos. Quando você tem o mesmo texto para diversas questões é mais fácil para o aluno. Até porque as questões elas eram muito geradas a partir de elementos estruturais do texto. Era uma crônica, então tinha uma questão sobre crônica, é uma questão que sempre aparece no Enem e aí tinha outra questão envolvendo o aspecto linguístico do texto. Então sempre que você tem esse tipo de formatação facilita mais e deixa a prova mais acessível”, explicou o professor.

Rômulo destaca que outro aspecto que chamou atenção foi a presença da literatura como um dos textos motivadores da redação, utilizando Clarice Lispector com “A partida de trem” que já foi usado em outro Enem, mas pegaram um trecho diferente. 

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A autora também foi citada em outra questão de humanas, na disciplina de filosofia. “Então a Clarice Lispector foi privilegiada na prova”.  

“E os professores de linguagens, de uma forma geral, como é o nosso caso, nós sempre pensamos na prova de linguagens como a prova de temáticas sociais. Nós encontramos muito a temática do negro, encontramos muito a temática da mulher, a temática dos povos originários de uma forma geral”, ressaltou.

Sobre a prova de língua estrangeira, o professor afirmou que encontrou poema e também temática dos povos originários. 

“A prova de inglês manteve o mesmo padrão, as questões interpretativas e constituídas a partir de textos gerais, inclusive de um poema, que tem sido muito comum nos últimos anos. Prova de língua estrangeira moderna, para existir pelo menos uma questãozinha envolvendo um poema. Eles botaram um poema muito bacana, inclusive de povos originários”, finalizou.

Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com

O professor Tibério Secondes, do colégio Madre Savina, analisou as questões de Linguagens e acredita que foram "mais fáceis" do que nos dois últimos anos, já que o número de textos não verbais foi maior, o que reduz a extensão da prova. 

Segundo o professor, das 40 questões, em torno de 11 tiveram textos não verbais, o que dá um fôlego para os candidatos. 

Outro aspecto interessante, de acordo com o professor, foram os cinco itens especificamente voltados para compreensão do gênero crônica, sua estrutura, função social e as nuances da linguagem empregada nesse gênero.

Ele comentou que a prova contou com temas diversificados e as questões relacionadas à cultura musical foram relacionadas ao Paulinho da Viola, diferente de anos anteriores que o cantor e compositor Caetano Veloso predominou. 

“Os temas explorados na prova de linguagens foram temas bem diversificados, que abordavam desde os padrões de beleza e a imposição desses padrões às mulheres, especialmente e os desdobramentos, conflitos emocionais e os impactos sociais dessa pressão com relação à aparência das mulheres. Houve também questões associadas à cultura popular, as questões também de distinções vocabulares, como, por exemplo, as diferentes denominações atribuídas à canjica, a depender do local do Brasil, no qual se esteja analisando ou verificando a incidência e a presença do doce”, destacou o professor.

Que acrescentou: “Questões também pertinentes à cultura musical. Em anos anteriores, nós tínhamos visto o Caetano Veloso, esse ano, o Paulinho da Viola. Também sempre questões voltadas para a linguagem computacional, binária. Associado ali às linguagens tecnológicas. A cibercomunicação, sempre aparecendo, mostrando o quanto essas novas tecnologias têm influenciado na interação, na relação que o homem tem consigo e para com o mundo também".